Depoimentos sobre o movimento cívico - militar de 31 de março de 1964
- Sáb, 27 de Agosto de 2011
- Seção:
- Categoria: 1964
Esta página foi aberta para depoimentos de todos os participantes, civis e militares, do movimento cívico-militar de 31 de março de 1964, com o objetivo do resgate da verdade histórica.
Participem!!!!!!!!
"POVO QUE NÃO RESPEITA SEU PASSADO E SUA HISTÓRIA NÃO É DIGNO DE FUTURO"
"Qualquer semelhança com o maldito momento atual da vida brasileira, não é mera coincidência"
Editorial do Diário Carioca, 3 de abril de 1964
"Montevidéu - O Sr. João Goulart é esperado neste país com honras de Chefe de Estado - é o telegrama da "United Press International" distribuído, ontem, aos jornais brasileiros.
Grande número de parlamentares e jornalistas se dirigiu ao Aeroporto de Carrasco momentos após ter a Rádio Farroupilha, do Rio Grande do Sul, anunciado apêlo do presidente deposto no sentido de que cessasse a resistência "para evitar derramamento de sangue".
Decidiram as autoridades uruguaias que o presidente deposto seja recebido com honras de Chefe de Estado. Diz mais o telegrama da agência norte-americana que a fronteira está patrulhada por fôrças leais ao Sr. João Goulart. Está garantido qualquer pedido de asilo, para tanto, sido enviadas tropas uruguaias à linha demarcatória dos dois países.
Um destróier uruguaio foi enviado para as proximidades da costa brasileira, prevendo-se a possibilidade de conflitos na fronteira, onde as guarnições continuam leais ao presidente deposto.
O Legislativo reuniu-se, extraordinariamente, para discutir a oportunidade de enviar uma mensagem ao Brasil. Ante a discussão não decisiva, entre as facções favoráveis e contrárias, foi suspensa a sessão. (ANSA - UPI - DC)
Até o momento de encerrármos os trabalhos desta edição não havia confirmação oficial da chegada do Sr. João Goulart a Montevidéu. Não se confirmaram, igualmente, as notícias de que o presidente Goulart havia se dirigido para a capital Paraguaia, Assunção. Notícias de Pôrto Alegre informavam, entretanto, que Jango havia deixado aquela cidade na tarde de ontem."
"Dando por encerrada a "Rêde da Legalidade", às 13 horas de ontem, o prefeito de Pôrto Alegre, Sr. Sereno Chaise, leu a nota oficial alusiva ao ato, salientando em certo trecho que o presidente João Goulart, ao transitar pela capital sulina, dispensara o sacrifício da população gaúcha e de todo o Brasil na resistência ao movimento que o derrubara do poder.
É o seguinte, na íntegra, a nota: "Ás primeiras horas de hoje, o presidente João Goulart chegou a Pôrto Alegre. Depois de ficar algum tempo, seguiu viagem. Antes examinou, com autoridades militares, amigos e correligionários, as condições de resistir ao processo golpista e decidiu dispensar o sacrifício do povo gaúcho e brasileiro.
O deputado Leonel Brizola pede ao povo gaúcho e brasileiro, a todos os patriotas, que enfrentem com serenidade e calma esta difícil passagem.
Encerramos a "Rêde da Legalidade", agradecendo a todo o povo gaúcho e brasileiro que compareceu em massa à sede da Prefeitura de Pôrto Alegre para resistir contra os golpistas. Fizemos tudo para manter a legalidade."
"Confirmando que o esquema do golpe estava montado há algum tempo, o general Olímpio Mourão Filho, já nomeado pelo ministro da Guerra presidente da Petrobrás, falou, ontem, à imprensa, do gabinete do general Costa e Silva.
Afirmou aquêle militar que antes de iniciar sua marcha teve de realizar três operações: silêncio, gaiola e Popay. A primeira consistiu em articular todo o movimento para que não pudesse ser fracassada a marcha do Exército revolucionário, a segunda para propiciar o clima de tranqüilidade do povo, prendendo os líderes que atuavam nas massas trabalhadoras e, a terceira, operação guerra.
As declarações do novo presidente da Petrobrás foram assistidas por vários chefes militares e personalidades do mundo politico-militar.
"Se não ocorresse a prisão dos líderes sindicais - afirmou - nós teríamos a marcha dificultada, pois não conseguiríamos rapidamente o apoio maciço dos companheiros".
O general Olímpio Mourão disse também que "saímos para lutar, prontos para qualquer situação.
Felizmente, em lugar do primeiro tiro, encontramos os abraços dos nossos companheiros de farda, porque êles pensavam como nós" (...)"