Depoimentos sobre o movimento cívico - militar de 31 de março de 1964
- Sáb, 27 de Agosto de 2011
- Seção:
- Categoria: 1964
Está página foi aberta para depoimentos de todos os participantes do movimento cívico-militar de 31 de março de 1964, com o objetivo do resgate da verdade histórica. Participem!!!!!!!!
"POVO QUE NÃO RESPEITA SEU PASSADO E SUA HISTÓRIA NÃO É DIGNO DE FUTURO"
Depoimento do CT da Marinha da reserva Wilson Chiareli.
Aqui é o Wilson Chiareli, teclando de Baltimore, em Maryland.
Sendo oficial de Marinha, e com o grau de engenheiro militar (IME, 1971), e reformado ainda jovem, meus conhecimentos da história do que imediatamente antecedeu o 31 de março de 1964 e daquele dia, e do que logo se seguiu, são escassos. Dessa maneira, constava-me que o Marechal Castello Branco tivesse sido o 'cérebro' do movimento, pelo menos do ponto de vista da coordenação e organização do mesmo, e pelo fato de que ocupava a Chefia do Estado-Maior do Exército naquela oportunidade. Aparentemente, daquela Chefia teria partido o 'sinal verde' para os diversos deslocamentos de tropas nacionalmente, em particular no Sul do país e de Minas.
É-me reconfortante relembrar que nossas forças armadas e o país, por grande felicidade, puderam, naquela época difícil, contar com Chefes tão ilustres, patriotas, e corajosos, e cujos nomes já estavam quase esquecidos por mim: Mourão Filho, Muricy, Justino Alves Bastos, Amaury Kruel, e outros.
Nos tempos atuais, também tão difíceis e talvez mais perversos para a Nacionalidade e a Soberania, seria bom que pudéssemos contar com outros grandes homens, civis e militares, que possam dar o passo adiante, se de todo necessário, como foi em 1964, pois o Brasil encontra-se à mercê de todos os tipos de ladrões de fundos públicos, à nível dos três poderes governamentais e nas esferas federal, estadual, e local. O país se esvai, liderado (?) por um turbilhão de ladrões, alguns dos quais, por sinal, se acusam de ladrões, entre si, inclusive por vias de publicação de livros, 'contra-livros', depoimentos 'em fita' e pelos jornais, já não bastassem os comunistas, ex. (?)-comunistas, e ex. (?) terroristas no poder, os políticos semi-analfabetos, e aqueles, que desconhecedores da 'coisa' dos seus ministérios, foram nomeados para chefiá-los.
E, no entanto, e, surpreendentemente, e apesar de boa parte daquela camarilha ser aparentemente 'nacionalista', os interesses estrangeiros, ultra-capitalistas, se esforçam por ditar, de fora, a condução do país, e não raro o têm conseguido.
Obviamente, a principal razão daqueles ditames estrangeiros se deve à indecente dependência resultante do acúmulo do montante das dívidas externas (praticamente triplicadas de 1995 para cá, apesar dos investimentos diretos recordes e mais a entrada dos recursos externos por força dos leilões de boa parte do patrimônio nacional) e a quintuplicação ou coisa parecida da dívida interna naquele mesmo período, coisa que também nos deixa, adicionalmente, ainda mais à mercê daqueles interesses estrangeiros, já que o FMI e outros organismos internacionais naturalmente, há que se convir, levam profundamente em conta aquelas dívidas públicas internas quando apreciam a possibilidade do Brasil continuar viável como país.
Enfim, e deixando de lado os possíveis comentários que possam advir, por parte dos colegas militares, sobre as minhas observações acima, acabei me desviando da principal razão deste texto, o qual seria pedir aos ilustres endereçados, comentários e ensinamentos sobre o real papel que teve o então General-de-Exército Humberto Alencar de Castello Branco na condução do movimento que culminou em 31 de março de 1964.
Até hoje o considerava o principal líder e heróico membro daquele Movimento, espécie de Deus-Padre do Movimento, e sem o seu sinal de 'Avançar!', Mourão Filho e todos os outros não poderiam ter, responsavelmente, iniciado o movimento daquelas tropas, no Sul e de Minas. E, por isto, sempre o cultuei!
Porque uma boa parte dos endereçados não me conhece, especialmente aqueles colegas do Exército, vejo-me obrigado a me apresentar, do que se segue um sucinto curriculum vitae. Encontro-me no exterior há 19 anos seguidos, sem vir ao Brasil, a principal razão é ser minha patente pequena, a família grande, e meus vencimentos reduzidos. Ademais, perdas auditivas, as quais resultaram do serviço embarcado, e que naturalmente aumentaram com a idade (65 anos em maio próximo), têm me impedido de trabalhar ao longo daqueles 19 anos.
Tendo passado a maior parte dos anos 1960-1990, concentrado em cursos de aperfeiçoamento à nível da Marinha (sou também oficial de máquinas, tendo exercido a chefia das máquinas de bordo de navios de guerra), do Exército (engenheiro mecânico, industrial, e de fabricação de armamentos, ao tempo em que o Cel. Guerreiro chefiava a Seção de Mecânica do IME), PUC (mestre em ciências de engenharia industrial, PUC-RJ,1974), cursos de economia (UnB, 1983) e economia e matemática ( University of Minnesota at Minneapolis, 1983-1990), forçado (ex-ofício) a uma reforma precoce em 1974 (ainda discutida na Justiça Federal, desde 1975 até hoje) e a qual arrasou minha carreira militar, faltou-me, por tantas razões, a oportunidade de ler tantos livros, não técnicos, que têm versado sobre o Movimento de 1964.
Finalmente, chego aonde realmente queria: Sei apenas aquilo que, ainda na ativa, presenciei naqueles anos conturbados (1961-1964) e/ou ouvi falar. Sinto-me, então, confuso ao não ver o nome do Marechal Castello Branco citado nos diversos textos que antecederam este meu. O que é que eu precisaria aprender mais sobre aquele Movimento e sobre o ilustre Castello Branco?
Abraços do Wilson Chiareli, CT (Ref.)