"OS MILITARES,OS VERMELHOS E OS ‘REDS’"

*Aimar Baptista da Silva



Não tenho a menor simpatia pela substituição dos ministérios militares por um "ministério da defesa"; não me convencem as alegações relativas a sua suposta necessidade. Parece-me que estará sendo implantado mais por pressões externas e revanchismo retrógrado que por real necessidade. Por isso, receio que, a exemplo de outras "criações efeagacianas", ele acabe por transformar-se numa "agência nacional de defesa", na qual serão chamados a intervir diversos órgãos, nativos e alienígenas. As Forças Armadas seriam, então, enquadradas numa "força transnacional de segurança do continente" ou - não sei qual das duas hipóteses é pior - teriam redefinidas as suas atribuições, passando a exercer funções de gendarmeria.

Sobre a escolha do futuro "ministro da defesa", apesar de todas as conjeturas darem como certo o nome de um embaixador, que circula por aí como se já o fosse, e provável o de um senador tido como bem relacionado na caserna, causou-me muita estranheza notícia de coluna jornalística de circulação nacional: ele poderia ser um parlamentar "bolcheniquim", ativo "militante" petista e ex-guerrilheiro do Araguaia-Xambioá. A nota, enfatizando que esse "camarada" tem, atualmente, livre trânsito nos quartéis, concluía que sua indicação seria muito bem recebida por boa parcela dos oficiais das Forças Armadas.

Se realmente (ora, pois!) existem militares que pensam assim, não vejo como explicação desse pensamento senão o seu enquadramento em uma (cada caso é um caso !) das três alternativas seguintes :

a - têm esperanças de que, conforme promessas de seu partido, divulgadas pela imprensa, o "camarada ministro" se esforce por elevar, ao seu nível justo e real, os vencimentos da tropa que os "democratas" da "nova república" só fizeram aviltar.

b - estão exagerando naquilo em que os bolchevistas "pés-duros" mais confiam, há muito confessado por um deles: "Os principais líderes da esquerda, sobretudo os comunistas, ainda confiavam no espírito democrático e na vocação legalista das Forças Armadas". Ou seja, esse espírito e essa vocação dos militares - por amor à Pátria, à Lei e à Ordem - faz com que eles aguardem, com paciência fora do normal, a evolução dos acontecimentos, muitas vezes permitindo que o caos se aproxime perigosamente de nós antes de exorcizá-lo, disto se aproveitando os "camaradas" para fomentar a subversão.

c - estão enquadrados pelos vermelhos na categoria de "nacionalistas" (entre aspas !), nada mais que "melancias" (verdes por fora, vermelhos por dentro), comunistas enrustidos aprestando-se para serem os "coronéis e generais do povo" (do povo não, dos "comunas"!), numa futura revolução socialista contra o Brasil. Portanto, todo o cuidado com eles é pouco !

Assim, torna-se necessário refrescar a memória dos meus patrícios, militares e civis, que não acreditam ou se esqueceram, ou, pior ainda - por falta de estudo, instrução, informação e até de interesse -, ignoram que o acontecido nos idos 61/85 acontece ainda hoje, com muito maior perigo até. O texto, desculpem-me, é longo. Mas é importante tomar-se conhecimento do que se passa nos bastidores da História, para se chegar a uma compreensão global das tramas urdidas, através do tempo, contra as Forças Armadas brasileiras como ação fundamental para se destruir o Estado nacional brasileiro.

Poucos brasileiros já ouviram, alguma vez, falar de J. Posadas. Esse é o codinome do ideólogo comunista Homero Casalis, argentino de nascimento e inspirador do movimento revolucionário trotsquista no Brasil, cuja influência mais palpável estendeu-se de 1961 a 1981 quando faleceu, exilado na Itália. Nesse longo espaço de tempo, Posadas procurou estimular a eclosão de um movimento revolucionário operário-camponês, de inspiração trotsquista, que levasse à tomada do poder e conseqüente implantação, nestes pagos, de um ... "Estado Operário-camponês". Nas análises que fez da "luta operária" (operária não, comunista ! Os operários são apenas "massa de manobra"!) no Brasil, ele dedicou inúmeros parágrafos ao exame da postura das Forças Armadas e dos militares em relação aquele movimento. São esses parágrafos que vou transcrever e embora eles se refiram constantemente ao Exército, depreende-se que falam das Forças Armadas, razão pela qual vou manter a "originalidade" do texto esperando que ele tenha o condão de forçar todos os patriotas, à leitura, pesquisa e análise dos fatos da nossa História passada, presente e .... futura, tendo em mente que se nada podemos fazer quanto à primeira, podemos e devemos interferir nas duas últimas para que não se transformem em páginas de dor, sofrimento, traição e luta fratricida, desencadeada pelos recadeiros do caos.(Os parênteses são meus, usados para comentário, complementação ou elucidação de algum pormenor). Aí vai :

O programa para resolver os problemas do Brasil é: reforma agrária, a expropriação do imperialismo e a estatização das empresas imperialistas sem indenização (não parece o PSTU ?), funcionando sob controle operário (sistema comunista de autogestão ?).

(Para isso...) É necessário construir uma direção revolucionária (partido operário), de classe (proletariado), que responda às necessidades das massas e conduza e unifique as lutas operárias, camponesas e estudantis para dar a saída progressista de Assembléia Constituinte (Revolucionária), Governo Operário e Camponês baseado num programa anti-imperialista e anticapitalista (os "camaradas" projetam seus anseios e frustrações como se fossem do povo, não deles ; o povo nada tem a ver com isto !).

A classe operária deve intervir independentemente, chamando pela convocação de uma Assembléia Constituinte (Revolucionária) e arrastando atrás de si os camponeses e a pequena burguesia. Deve defender uma saída para a crise através de um Governo Operário e Camponês, defender a divisão das terras, expropriando o imperialismo e as principais propriedades de interesse público. Defender a formação de conselhos, comitês (sovietes ?) de operários, soldados e camponeses para levar essa tarefa adiante.

Os sindicatos operários e as ligas camponesas devem organizar milícias. Fazer chamados diretos para os camponeses ocuparem as terras e organizar milícias para defendê-las (dos seus proprietários ?!!!), chamando os operários em seu apoio. Chamar os soldados para o lado do povo (do povo não, dos comunistas ! O povo entra aí de gaiato !) para expulsar o imperialismo; é preciso defender o direito a dar uma solução revolucionária para a crise civil e política aberta pela burguesia. (Ele fala de direito! Pode?).

A divisão do mundo em nações (daí o nacionalismo !) deu aos militares consciência (nacionalista) e formou o estado espiritual para defender aquilo que eles chamam de pátria, que na realidade é a criação de um sentido conservador limitado a uma região (Relembremos Marx : "Os operários não têm pátria !").

O principal aparato de repressão não é a polícia, é o exército (explica-se o revanchismo!). Os exércitos latino-americanos exercem a função policial. A burguesia latino-americana não pode dar a seus exércitos o sonho de uma ação patriótica. Dá aos mesmos uma tarefa bastante explosiva, de enfrentar a população (?), que o próprio exército sente que passa por cima dele, que o pressiona e que a população tem razão. Porque depois de 1810 (início da emancipação das colônias ibero-americanas) a única glória que os exércitos latino-americanos conquistaram foi a de assassinar operários e reprimir greves (não foi esse o caso das nossas Forças Armadas, que sempre lutaram ao lado do povo, nunca ao lado de traidores !).

O aparato das Forças Armadas está constituído por alguns milhares de homens que vivem dele e apegados a ele por seus costumes, tendências e interesses (e vocação profissional, mais que tudo !). Centenas e centenas podem ser ganhos para a revolução, mas o aparato continua, pois está composto de indivíduos ligados aos interesses conservadores (isto é, anticomunistas!). É preciso destruir o aparato militar do capitalismo. (Em agosto de 1969, enquanto os "bolcheniquins" preparavam a "revolução popular" para a tomada do poder, um de seus chefetes, Carlos Marighella, já cantava vitória nas reuniões da ALN: "A direita, a burguesia e os militares serão trucidados". )

Mesmo nos países atrasados o exército nunca pode ser ganho como instituição(por que será ?). Caso fosse possível ganhar o exército para uma linha nacionalista (nacionalista não, comunista !) e passar a golpear o sistema capitalista com reformas - reformas econômicas, não reformas na estrutura capitalista - estas seriam imediatamente acompanhadas por medidas como o direito de associação sindical de cabos e sargentos- que são reformas reais na estrutura capitalista e que não podem nunca ser feitas apenas com o apoio de um setor nacionalista (nacionalista não, "melancia" !) do exército. Têm que ser acompanhadas pela formação de milícias e pelo armamento do povo; milícias que junto com os soldados, cabos, sargentos e militares (oficiais?) nacionalistas (nacionalistas não, "comunas"!), intervenham (intervenção armada, então !) para impor tais medidas. (E observa : ... ) Mesmo contando com um setor importante do exército que o apoiava - 30 % das Forças Armadas (então 70 %, pelo menos, não o apoiava !) - (João) Goulart teve que capitular. (Em Mai/94, o hoje presidente do PT, José Dirceu - cujo codinome era ‘comandante Daniel’-, declarou o seguinte: "O direito de associação sindical para marinheiros, cabos e sargentos é justo." E quem conseguiu não fosse tal proposta aprovada por ocasião do 9o encontro nacional do partido foi o "camarada" possível ministro da defesa, com o argumento de que sua aprovação lançaria o País de volta aos antecedentes de 1964 - coisa que, para "eles", não interessa nem um pouco !) (Numa entrevista em fins de 1963, Brizola declarou que a crise econômica resultante do imperialismo espoliador fazia com que as classes dominantes, apoiadas pelo imperialismo, se unissem para desfechar um "golpe direitista" com o fim de estabelecer um governo de força, uma ditadura, fosse ela declarada ou encoberta. E concluiu : "Não há dúvida de que seria difícil impor uma ditadura, porque já não é fácil enganar o povo. Nós queremos lutar, nós estamos preparados, e este será o começo da luta revolucionária pela libertação nacional. O exemplo de 1961 nos mostra que o povo lutará, junto com seus irmãos do exército - os sargentos, os cabos, os soldados, e os oficiais nacionalistas".).

Pode-se influir os sargentos com idéias revolucionárias. Eles têm reivindicações a fazer como, por exemplo, a plena igualdade com os suboficiais (oficiais?), o controle dos sargentos sobre o exército . Se chega uma ordem militar de enviar tropas ao estrangeiro para a repressão - como nos casos do Congo e Cuba - os sargentos devem decidir o que fazer. Isto significa: controle dos sargentos sobre as Forças Armadas ... Amanhã o proletariado no poder é quem vai decidir. Por que os sargentos hoje não podem fazê-lo ? Eles devem ter participação política nas decisões militares. (fica explicada a tal proposta de sindicalização ! Melhor que isso só a instituição de "plebiscito militar"!)

(Observe-se a aleivosia !) Por que os generais, coronéis e oficiais têm o direito de intervir e os soldados não ? Todas essas reivindicações devem estender-se aos soldados. O quartel é a continuidade da vida normal do militar. Para o oficial é assim. Por que não haveria de ser também para o subalterno ?

Quanto aos oficiais, é impossível fazer com que aceitem agora a igualdade com os sargentos. Isto está excluído. Os oficiais não apenas têm uma origem social diferente ("tá" por fora !) mas também levam uma vida social diferente, pois o capitalismo lhes dá uma série de privilégios (quais são eles ?) para mantê-los atados à defesa do regime. O oficial tem a autoridade porque tem mais conhecimentos e pelo peso do aparato, mas o sargento e o cabo estão unidos aos soldados, estão unidos socialmente à população. Em conseqüência eles devem intervir em tudo, junto com o povo, discutindo todos os problemas e elevando a vida política nos quartéis. (Posadas quer "jogar para o alto" a disciplina hierárquica. Não é de admirar que os "coronéis e generais do povo" apoiassem tais idéias de jerico ? Que pensavam ou queriam eles ?).

Com toda a limitação dos sargentos ou dos cabos, eles devem ver que sua base de apoio contra os oficiais são os soldados.... Sem sargentos e cabos não existe exército (sem oficiais também não !). A estrutura do exército apoia-se nos cabos e sargentos, não nos oficiais (?).(Eis a contradição !) Os cabos e sargentos são os intermediários entre os soldados e o oficial. E, além disso, são os que têm a confiança social das massas. (Fica mais que evidente a intenção de Posadas de jogar as praças contra os oficiais; velha tática do "dividir para vencer"! No final, todos, sejam praças ou oficiais, sairiam perdendo).

... o reconhecimento dos sindicatos de cabos e sargentos foi uma das medidas que (João) Goulart viu-se obrigado a tomar para contar com o apoio (já era uma espécie mal ajambrada do "é dando que se recebe" !) destes setores para sua política de reformas de base. Goulart com isso esperava conter e pressionar - sobretudo conter - os setores reacionários do exército (uma "minoria" de 70 a 90 % !!!), buscando o equilíbrio entre os cabos e sargentos e o poderio dos chefes e oficiais. Na verdade, enquanto existir a estrutura e a direção capitalista quem decidirá o movimento serão os chefes e oficiais e não os cabos e sargentos. Por sua vez os cabos e sargentos podem decidir desde que seja feita a frente única ("comuna" é chegado numa frente !) com os operários, a sair às ruas e depor os oficiais . A iniciativa tem que partir de uma direção, que se dê ao objetivo de desarmar os chefes, prendê-los, fuzilá-los, apoiar a ocupação de terras, fazer a aliança operário-camponesa (- estudantil) expropriando fábricas e expulsando o imperialismo (imediatamente substituído por outro imperialismo, o da "foice e do martelo"!). (As ações de depor, desarmar, prender, fuzilar os chefes e oficiais, que Posadas tão sutilmente oferece, é confirmada - e bem explicada - no trecho seguinte : ...

Se neste momento Goulart ou Brizola chamam todo mundo às ruas, rebelem-se, ponham os oficiais presos e fuzilem-nos, todos teriam se levantado.) (Esta assertiva de Posadas é confirmada por Hayes em "Nação Armada - A História Militar Brasileira": "Mais evidências de que a subversão de praças estava em curso veio à luz quando se soube de uma revolta de marinheiros e fuzileiros navais, o que aumentou os temores por parte dos oficiais de que Goulart se preparava para empregá-los com o objetivo de ‘esmagar o quadro de oficiais’, conforme havia prometido em seu discurso na China, em 1961". Fica assim justificada a atuação dos ministros militares, em 1961, procurando evitar que Jango assumisse a presidência !).

O exército continua sendo um ponto fundamental: cabos, sargentos, etc., porque estas forças não estão perdidas. A importância do movimento de cabos e sargentos não se perdeu: diluiu-se, em parte, devido ao golpe que receberam e porque não vêem perspectivas, mas se mantém firme a poderosa força organizada, são quatro ou cinco mil sargentos organizados. Têm uma força enorme.

A crise do exército brasileiro não difere fundamentalmente das dos demais exércitos latino-americanos como o boliviano e o peruano (Será a mesma "crise da missão" apontada por José Dirceu ?).

O exército, que é o aparato essencial da repressão, está em decomposição (é o que os "bolcheniquins" mais querem !). A tradição e a história do exército brasileiro tem importância e merecem um estudo particular (conhecer para derrotar ?). Em especial é preciso analisar que, como sucede também em outros países latino-americanos como a Bolívia e o Peru, o exército é uma expressão da falta de unidade nacional do país (Pisou na bola, de vez !!!). "

Resta apenas discutir um tema que parece constituir, ainda, um "tabu" para as Forças Armadas :

A maioria dos textos de autores comunistas começa a revelar agora o que já era óbvio mas pouco conhecido: a existência de militares comunistas e simpatizantes do comunismo, todos enquadrados na categoria de ... "nacionalistas". Eram (e são !) poucos mas distribuíam-se (e distribuem-se !) hierarquicamente de soldado a general, infiltrados nos diversos escalões de comando, dos mais simples aos de mais alta responsabilidade. Eram (e são !) coordenados por uma organização secreta, subordinada ao "Partido", e que possuía (e possui !) células na quase totalidade dos estabelecimentos militares. Tal organização foi denominada, talvez por sinistra ironia, de "ANTIMIL" (antimilitarista ?). Dirigida pela "ANTIMIL", a traição campeou à solta, especialmente no período que vai de 1935 (ou antes até !), com a ANL e a Intentona Comunista, até 1985, com o fim do "regime militar" (e mesmo depois !). Em entrevista a um daqueles autores (Luiz Mir), um "coronel do povo" declarou : "Em 64 o Exército tinha cerca de 10 mil oficiais. Desses, mil militares de esquerda, reformistas, dos quais 150 eram comunistas (1,5 % do total), contando-se oficiais, suboficiais, sargentos, cabos e soldados. A direita militar sempre foi majoritária, com 90 % do corpo de oficiais (eu acrescentaria praças !) do Exército". Ora, considerando-se idêntica proporção nas outras Forças, Jango contaria (vide afirmação acima de Posadas), se tanto, com o apoio de 10 % do efetivo total. Mesmo assim, ainda era muita "melancia" para o meu gosto !

Os vermelhos, em 64, como das vezes anteriores, perderam a guerra quando já saboreavam a vitória. Nem por isso extinguiu-se o movimento comunista no Brasil. Pelo contrário, a infiltração avultou-se e hoje, devido a nossa complacência, eles controlam, se não toda, boa parcela do governo e do poder. Assim, só os tolos e as pessoas de má fé, como soem ser os "bolcheniquins", negariam a ausência de infiltração também nas casernas, conduzida pela "ANTIMIL" (ou qualquer outro nome de fachada que ela adote ! Que tal "ADNAM" ?) Ela existe, certamente, mais clandestina, mais sigilosa, mais estruturada e, portanto, muito mais perigosa, com seus "militantes" continuando a atraiçoar seus (?) irmãos de armas, a trair seus juramentos, a tramar contra sua (?) Pátria, servindo de marionetes no jogo sujo e entreguista do movimento comunista internacional !

Até aqui as manifestações antimilitaristas dos vermelhos que pretendiam, e ainda pretendem, chegar ao governo e ao poder. Em "Algumas Questões sobre as Guerrilhas do Brasil" - autoria de Marighella, ampliação de Fidel Castro, pois a iniciativa da guerra revolucionária a ser desencadeada em nossa Pátria pertencia a Cuba -, anota-se que : "Para que seja atingido o objetivo fundamental da guerrilha, é necessário criar o exército de origem guerrilheira, exército revolucionário capaz de aniquilar as Forças Armadas convencionais e de conduzir as massas à tomada do poder, destruindo o aparelho burocrático-militar do atual Estado brasileiro substituindo-o pelo povo armado".

Se analisarmos a cantilena atual da "frente de esquerda" e a de outros partidos comunistas aparentemente dissociados dessa "frente" (PPS, PSTU, PMN,... , e "alas progressistas" de outros partidos) veremos que nada mudou. Além disso, se observarmos que os "militantes" que compõem dita "frente" são os mesmos dos idos de 1935 a 1985 (Falando só dos "vivos": Lula, Brizola, Arraes, Amazonas, José Dirceu, Apolônio Carvalho, Genoino, Palmeira, Aldo Arantes, Aldo Rebelo, Haroldo Lima, Evandro Lins, Niemeyer, Duarte Pereira, Werneck Sodré, ...) chegaremos à conclusão de que, como dizem os "camaradas", "o sonho (para nós, pesadelo !) não acabou, a luta (entreguista !) continua !".

Vejamos agora as manifestações de cunho semelhante perpetradas por "intelectuais, políticos e governos" da "nova república", tão ou mais vermelhos que os citados anteriormente, com total apoio da mídia comprada e/ou comprometida (e sobejamente identificada !). Elas são tantas que um jornalista dos mais competentes chegou a afirmar que "os militares têm engolido sapos na posição de sentido". Eis alguns desses "sapos" :

Primeiro: o arrocho salarial a que se submete os militares, fato tristemente histórico, pois, de há muito, se paga mal e porcamente à classe. Ele vem se acumulando desde o governo Sarney, culminando, no desgoverno Cardoso, com quatro anos sem nenhum aumento (a GCET foi uma pílula para adoçar a boca dos "milicos" e, de quebra, indispô-los contra os funcionários civis). Seus vencimentos sofreram várias reduções através de uma das fórmulas mais perversas: a desequiparação sucessiva dos postos militares com cargos civis do mesmo nível, quebrando-se a isonomia que deveria existir entre eles e rebaixando progressivamente aqueles sob o ponto de vista sócio-econômico. Chegou-se a comentar que os vencimentos dos oficiais generais, igualados aos de altos cargos civis, seriam desvinculados dos vencimentos do restante da tropa porque, assim, a folha de pagamento não ficaria sobrecarregada! Entretanto, se por acaso proposta tão ignominiosa chegou a ser feita, não foi aceita. Essa tática safada do "dividir para vencer" também foi utilizada nas tentativas de se indispor o pessoal da ativa contra os inativos: houve quem afirmasse que enquanto os salários de ambos fossem iguais não se poderia pagar melhor a ativa. Todavia, não se explicou como ficaria, por exemplo, a situação de um general de quatro estrelas inativo percebendo menos que um major ou capitão da ativa !

Mas voltemos a Hayes: "Os vencimentos dos militares e a alocação de recursos orçamentários para as forças armadas declinaram sensivelmente até atingir em 1964 o ponto mais baixo de todo o período pós-guerra ... Não há dúvida que João Goulart tinha conhecimento da insatisfação que se avolumava entre a oficialidade, com respeito à situação. Em julho de 1963, por exemplo, foram realizadas várias reuniões no Clube Militar para tratar da situação e algumas manifestações então feitas continham tom ameaçador. Em conseqüência, vários sócios do Clube, inclusive o presidente Gen Magessi, foram punidos por razões disciplinares. Um dos oficiais disse que a classe militar estava sendo proletarizada". (Haverá alguma diferença entre as situações e os presidentes de então e de hoje ?)

Tal proletarização tornou-se, atualmente, mais aguda ainda: compare-se, por exemplo, os vencimentos de um oficial do posto de capitão (das praças, então, nem dá para comparar !) com os salários pagos pelo Congresso a um servidor de cafezinho, ou a um motorista, e constatar-se-á uma cretina e proposital inversão de valores (cargo, encargos, formação, preparo, especialização, aperfeiçoamento, responsabilidade, ...) já reconhecida por parlamentares que, entretanto, nada fizeram a respeito. Com baixos vencimentos torna-se difícil morar em razoáveis condições de dignidade e conforto; comenta-se, inclusive, de praças e oficiais subalternos (não sei se atinge outros níveis) que, nos grandes centros urbanos, quando não dividem a moradia entre duas famílias, residem em favelas por não terem condições de pagar aluguéis caros. E as queixas de quem mora em "próprios nacionais" também se avolumam, pois boa parte deles, além de antigos e desconfortáveis, encontram-se em condições precárias face à escassez de verba para sua manutenção. Adite-se a isto a dificuldade, quase impossibilidade de o militar conseguir financiamento para casa própria uma vez que não tem "fundo de garantia" e a sua renda familiar é baixa. Portanto, e lamentavelmente, continua vigindo a proletarização dos militares. Com que objetivo ?

Segundo: enquanto se "arrocha" (ou se "atocha" !) os militares, uma espúria "Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos" (políticos não, subversivos !) foi nomeada pelo presidente Cardoso - sob a inspiração maligna de José Gregori, chefe da "Secretaria Especial dos Direitos Humanos" (não seria "direitos dos humanos", a saber, subversivos,. narcotraficantes, narcoterroristas, seqüestradores, invasores de propriedades particulares e próprios nacionais et caterva ?). Sua finalidade: oficializar a concessão de polpudas "indenizações" às famílias de terroristas e subversivos mortos (risco assumido !) nos confrontos de uma ... "guerra suja", quando tentaram submeter o povo brasileiro à escravidão bolchevista. Indenizações que culminaram com a ofensa maior de concedê-la à família do desertor e traidor Carlos Lamarca.

Para se ter idéia de como a Comissão trabalha cito o caso de Wlademiro Jorge Filho, "desaparecido" em 1968. A Comissão - ouvidos sindicalistas que afirmaram ser ele um ativista político, participante da guerrilha do Caparaó, preso, torturado e morto pela "ditadura militar" - concedeu a sua família cem mil reais de indenização. Eis que o "defunto" apareceu, declarando que abandonou sua família, naquela época, por motivos particulares, que nunca foi ativista político nem ouvira falar da referida guerrilha. Em 1995, a revista VEJA ofendeu profundamente o ministro da Marinha por haver ele declarado que muitos dos "mortos" estavam bem vivos. VEJA errou por apressadas conclusões !

Some-se a isto as "gordas" aposentadorias concedidas a "perseguidos" (os tais "humanos" diga-se de passagem !) pela "ditadura militar", como, por exemplo, o professor Fernando Henrique Cardoso e o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva que, como todos os outros, preferiram a comodidade da aposentadoria precoce, prêmio ao seu bolchevismo entreguista (aposentados, Cardoso ganha aproximadamente o mesmo que um general de divisão e Lula tanto quanto um major ou tenente coronel). Sobre elas, um colunista do "O Estado de São Paulo", que não morre de amores pelos militares, assim se pronunciou:

"As aposentadorias especiais de anistiados nasceram de uma interpretação distorcida da lei e da Constituição (novidade !!!). Foram 2.137 declarações de anistia que se transformaram em passaporte para o guichê do INSS, por obra de uma certa esquerda. Uma esquerda que tenta fazer justiça pela via administrativa. É uma desconsideração com os juizes e a sociedade". O termo "certa" nada mais é que um eufemismo e representa todos os matizes esquerdistas, desde o "viável" de FHC até o "em construção" do "companheiro" Lula. Se existe alguma esquerda fora desse jogo sujo ninguém conhece !

Terceiro: Simultaneamente, procede-se à distorção do disposto na Lei da Anistia, sempre aplicada em favor e benefício dos subversivos, que se esmeram em ataques e acusações sem provas (Fácil sentir que foram combinadas!); exigências de exonerações e demissões; contestação de promoções; insistência na identificação(?), prisão, julgamento e condenação de militares, oficiais em especial, acusados de desrespeito aos direitos (dos...!) humanos, durante o combate à subversão.

Para os traidores da Pátria o governo tem concedido, se vivos, todas as benesses possíveis representadas pelos cargos que ocupam em todos os Poderes, escalões e níveis de governo, de ministros a simples amanuenses. Se mortos, estátuas, memoriais, nomes de logradouros e instalações, apoio financeiro a filmes, peças teatrais, livros que perpetuem os malfeitos degradantes que cometeram contra o Brasil e os eleve à condição de "novos heróis da Nação.

O governo FHC (era de se esperar !) age com dois pesos e três medidas quando declara ser ponto de honra do presidente não permitir a participação de "torturadores" e de terroristas em qualquer escalão do seu governo; se o general Fayad foi exonerado do cargo para o qual fora nomeado, o que fazem, então, no Ministério, por exemplo, José Serra, Clovis Carvalho, Paulo Paiva, Paulo Renato ... todos membros da organização terrorista Ação Popular? Foi feita alguma coisa, por quem de direito, junto ao presidente, para que também exonerassetais figuras de suas funções ou prevaleceu a conivência, a conveniência, a omissão, o comodismo ou o medo ? Cumpre observar que quando a imprensa fala em "guerra suja" certamente fala da deles, pois a dos militares e civis verdadeiramente patriotas, foi uma "guerra de limpeza", visando desinfetar e desinfestar o Brasil do burocrático, sanguinário e fanático vírus do comunismo internacional.

Quarto: a concessão de comendas das Ordens do Mérito militares a antigos subversivos, inimigos de sempre das Forças Armadas, coisa que chegou a surpreender alguns deles. Desses, pelo menos um foi condecorado com a ... Medalha do Pacificador! Como são poucos os militares agraciados com ditas comendas - e assim igualados aos "camaradas" -, conclui-se que os não contemplados com tal "distinção" tiveram menos mérito em servir à Pátria que os subversivos em traí-la. Assim, essas comendas foram transformadas (pelo "grão-mestre" das Ordens ?) em "bottons" destinados a premiar empedernidos bolchevistas bem como a escarnecer dedicados militares. Faz-se o jogo do inimigo de nivelar por baixo ! E põe "por baixo" nisso !

Quinto: a preocupação de políticos oportunistas, do governo e da oposição, em redefinir o papel das Forças Armadas. A estratégia começa pela tentativa de desmoralização das Polícias Militares com acusações generalizadas de violência, de arbitrariedades, de incompetência, de despreparo e outros que tais (a falta de apoio, o material sucateado, os baixos salários, o risco que correm, .., não contam ?), culminando com a proposta de desmilitarizá-las, ou seja, transformá-las em polícias civis incorporando-as às já existentes. Caso as Polícias Militares sejam "apaisanadas" caberá às Forças Armadas executar, em caráter permanente, missões tipicamente policiais tais como as seguintes que já realizaram :

o patrulhamento de praias no Rio, onde a tropa foi vaiada ;

a escolta de carros-transportes de valores do governo ;

a segurança de comboios de apoio aos flagelados da seca no Nordeste, em que pode acontecer um indesejado (?) confronto com os saqueadores e invasores do MST :

combate a incêndios ou outras calamidades públicas, em função de bombeiro ou de defesa civil ;

o emprego do Exército para revistar fazendas e desarmar fazendeiros, a pedido do "camarada" ministro da Reforma Agrária, no complexo de fazendas Marimbondo em Paraupebas/PA (versão "moderniquim" de capitão-do-mato ?).Segundo o "Correio do Tocantins"(02/03/98) os coordenadores do MST naquela região declararam-se "frustrados" com a presença do Exército por estar aquela Força a serviço do governo e dos latifundiários, mas que "a Operação Presença do Exército não iria inibir as ações do MST". Aliás, o MST está reivindicando terras distribuídas às Forças Armadas (campos de instrução,...).

Face a isto, para onde vão ou como é que ficam as Polícias Militares, Corpo de Bombeiros, Polícias especializadas e outros que tais ? Chego até a pensar que melhor seria incorporá-las de vez às Forças Armadas como "tropas especiais". Não que as Forças Armadas não possam nem devam atuar em situações de calamidade, emergência ou extrema necessidade. Elas já fazem isso há bastante tempo, mas sempre resguardando suas características e atribuições. O que não se pode admitir é, como querem muitos civis, dentro e fora do governo, que as Forças Armadas, assumindo de vez e integralmente a função policial, sejam transformadas em grãs-gendarmerias.

Assim também o combate ao narcoterrorismo, lavagem de dinheiro sujo, guerrilhas, ... , considerados "ilícitos transnacionais", nas fronteiras noroeste e norte do Brasil. Para isso foi feito um acordo entre os presidentes Clinton e Cardoso, cujas disposições, segundo o chefe da Casa Militar, são secretas e assim devem permanecer. Isso seria feito em conjunto com forças de outros países, inclusive os Estados Unidos (já estão agindo por aqui pelo menos - e por enquanto ! - a Drug Enforcement Agency e o FBI !) . Segundo a revista ÉPOCA (24/08/98) o general Mac Caffre, responsável pelo combate ao narcotráfico nos EE.UU., ao saber, em reunião com os ministros militares, que a Constituição brasileira impõe restrições ao emprego das Forças Armadas contra o tráfico de drogas e outros que tais, observou: "Certamente precisamos mudar esse quadro". Ou seja, mudar a Constituição para atender "sugestões" (ou pressões?) dos norte-americanos no combate às drogas. Lembremo-nos de que, no caso do incêndio em Roraima, outro general "ianque" levantou a hipótese de uma intervenção militar americana na Amazônia.

Tudo isso, porém, faz parte de uma estratégia muito maior.

Estamos sendo forçados a viver uma era de "globalização da economia", reflexo de uma ... "nova ordem mundial", imaginada e posta em prática pelo que chamo de "Dominação" para submeter os países pobres e/ou fracos, ditos "periféricos". A "Dominação" é constituída pelos países do G 8 (Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Japão, Canadá e Rússia), mais organismos financeiros internacionais (Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional,...), mais membros nanicos (?) comensais da grande patota (África do Sul, Israel, Austrália, Nova Zelândia, ...). Para as nações periféricas, em especial as "emergentes" como o Brasil, a aceitação dessa "nova ordem mundial", nos termos ditados pela "Dominação", significa um retorno "consentido" à situação de colônia. E os nativos que se põe a soldo dessa "nova ordem mundial" batizo-os de "reds", praticantes que são do entreguismo globalizador (imperialismo neoliberal !) tanto quanto os "bolcheniquins" praticam o entreguismo "igualitotalitário" (imperialismo da foice e do martelo !) a serviço da mesma ... "ordem".

Essas colônias, como antigamente ("tudo mudou, para ficar exatamente como estava !"), nada mais são que exportadoras de matérias-primas e mão-de-obra não especializada - abundantes e quase gratuitas -, e compradoras (!!!) de produtos industrializados, mão-de-obra altamente especializada e de tecnologia em "pacotes" (sem transferência, é claro !). A colônia deve ser um promissor balcão de negócios, empregos, especulação e lucros para os membros da "Dominação". Por isso não se pode permitir a ocorrência de pruridos nacionalistas quando o que se quer é justamente o desmantelamento dos Estados nacionais periféricos. Aí incluído o Brasil que, por suas condições, poderia constituir com o G 8 mais a China e a India o G 11. Mas isto contraria os planos da "Dominação" que "não o deseja como um ‘Japão’ abaixo do equador"; ao contrário, prefere-o como exclusiva (e enorme !) reserva de recursos humanos e naturais.

Ora, estas manifestações são mais visíveis nos militares, por força mesmo de sua vocação. É necessário, portanto, contê-las, eliminá-las, o que só será conseguido quando, por inúmeras e nocivas influencias, se tiver reduzido a carreira militar ao mesmo nível de profissões civis, procuradas não com a vocação de servir mas de acordo com os níveis salariais que oferecem. A primeira coisa a fazer é criar uma falsa crise de identidade e de missão que o próprio texto constitucional desfaz: "As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina" (identidade), sob a autoridade suprema do Presidente da República, "e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem (missão). "Raros, porém, foram os governos que se preocuparam com o magno problema de dar às Forças Armadas os elementos com que seus quadros tivessem as melhores condições possíveis de preparar-se e a elas para a guerra".

A quem contesta a sua necessidade, tendo em vista, entre outros argumentos insidiosos, a carência de inimigos e o ônus que representam para a Nação, lembro o relatório do general Jerônimo Coelho, endereçado ao Poder Legislativo em ... 1845 : "Para reconhecer a necessidade da Força que peço ... bastará lembrar-vos que ela tem de ser distribuída por todos os pontos deste vasto império, para guarnecer tantas fortificações do litoral, defender nossas extensas e remotas fronteiras e estar sempre pronta a manter a ordem quando chegue a ser perturbada ... É na verdade oneroso ao Estado sustentar um exército em tempos de paz; mas devemos lembrar-nos que os conflitos de guerra sobrevêm muitas vezes quando menos se esperam, e não é repentinamente que se organiza e disciplina um Exército ; e entre nós a experiência demonstra que a força militar bem disciplinada é um dos mais eficazes elementos da ordem". Se acrescentássemos neste texto a responsabilidade, nos dias de hoje, da Armada em relação ao nosso mar territorial e vias navegáveis interiores e a da Força Aérea na preservação do nosso espaço aéreo, entre tantas outras atribuições, já teríamos uma pálida idéia da magnitude da missão das Forças Armadas que alguns "estrategos" civis, por motivos óbvios, contestam.

O desinteresse do atual Poder Legislativo nada fica a dever ao daquele ao qual se dirigiu o general Jerônimo. A imprensa brasiliense assim observou o fato ("Falta consenso sobre Defesa"): "Esconjurada como uma comissão sem importância política no contexto congressual, a Comissão de Defesa Nacional (enfatizo : Comissão de Defesa Nacional !) da Câmara foi anexada à Comissão de Relações Exteriores há seis meses, mas nem assim conseguiu ser palco de grandes discussões sobre a Defesa Nacional, matéria que, na verdade, passa ao largo do interesse da maioria dos congressistas" ... "No Senado, onde o desinteresse pelos assuntos militares é maior que na Câmara ...".

Pelo visto, a "Dominação" está muito bem servida de parlamentares aqui no Brasil ! Até porque se a finalidade é denegrir a imagem das Forças Armadas a coisa muda de figura: o canal de TV da Câmara de Deputados veiculou (não sei se continua) um filmete intitulado "Guerra do Brasil", versando sobre a Guerra do Paraguai (O título, por si só, já é revelador !) No seu conjunto, com algumas exceções, é altamente ofensivo à Marinha e ao Exército. Assim, o efetivo de nossas Forças - que, pelo relato, ganharam a guerra por sorte, tamanhas "sovas" levaram dos paraguaios - era, na sua maioria, composto por bêbados, escravos e outros pobres coitados, incorporados à força, além de um ou outro patriota que foi ao Paraguai morrer (a inflexão revela o deboche !) pela Pátria. Acusam-nos de cometer violências que atingem o barbarismo, além de pilhagens para as quais os oficiais, quando não participavam, fechavam os olhos. Levanta-se suspeita sobre a corajosa atuação do almirante Barroso no Riachuelo. Tacha-se o Duque de Caxias de lerdo, apropriador de táticas e manobras alheias (Passagem de Humaitá), de favorecer seus "protegidos", de afastar-se do comando antes do fim da guerra; acusam-no de ladrão de cavalos e mulas, numa versão atual (mas de muito mais extensão e profundidade) da "guerra dos alfinetes". De modo geral nossos generais são apresentados como incompetentes, corruptos, ladrões (aliás, um "historiador vermelho" fez tal acusação abertamente, sem se preocupar com o ônus da prova). Enfim, o filmete desfaz-se em tantas acusações, tanto menosprezo, tanta felonia, que não dá para entender como Forças Armadas tão "rebimbas" (na ótica dos autores, é claro !) impuseram tamanha derrota a forças tão bem adestradas, equipadas e disciplinadas como as de Solano Lopes. Percebe-se aí a solerte intenção de passar ao público, que na sua grande maioria (para desespero de "reds" e "bolcheniquins" !) ainda confia nos militares, uma falsa e degradante imagem das Forças Armadas e dos seus integrantes, que contribuiria, e muito, para justificar a criação do ministério da defesa (Nesse caso, o argumento poderia ser : A Defesa Nacional seria coisa muito séria para ser deixada nas mãos de militares desse "naipe"!).

Três anos atrás, comentei notícia publicada em "O Globo" (06/05/95), sob o título "Estados Unidos querem civis chefiando militares na América Latina", que, além de enfatizar "o esforço americano em redemocratizar as repúblicas latino-americanas, levá-las a adotar a economia de mercado e colocar suas forças armadas sob chefia civil encastelada num ... ministério da defesa, ressaltava que a integração comercial e econômica das Américas estava por trás da nova doutrina militar estadunidense e que a área militar daquelas repúblicas não deveria atrapalhar dita interação". Ora, as forças armadas jamais atrapalhariam qualquer iniciativa que levasse ao progresso e desenvolvimento de seus países com liberdade, democracia e justiça social. Tal advertência, então, só pode indicar que a referida integração não será assim tão favorável a nós outros, como querem nos provar os prepostos da "Dominação" ("reds", "bolcheniquins" e inocentes úteis e inúteis !), com argumentos que chegam ao seguinte absurdo : "um civil no ministério da defesa fortaleceria tanto as forças armadas quanto a democracia" (mais uma "lambadinha" nos generais !).

Outro articulista, falando sobre o "ministério da defesa", sustentou que : "A função do ministro da Defesa será de natureza política e, consequentemente, civil (deu para entender ?), independente da condição pessoal (não seria funcional ?) do seu titular: funcionário público, diplomata, político, militar da reserva, etc. Não se sustenta (?) a tese de que este ministro deverá ser sempre um militar - da ativa ou da reserva -, em razão dos seus conhecimentos técnicos presumidos (isto é, supostos ou imaginados !). Inúmeros exemplos estão a demonstrar a eficiência e a capacidade de titulares civis dos Ministérios da Defesa, com amplos serviços prestados aos seus países". Certamente essa gente nunca ouviu falar de Hitler, Stalin, Mac Namara, Fidel Castro e outros civis, agentes ativos e passivos da "Dominação", responsáveis por milhões de mortes desnecessárias que permitiram (e permitem !) a ela alcançar seus objetivos.

Assim, será necessário redefinir o conceito de segurança nacional (mais surrado que judas em sábado de aleluia !) e estabelecer o novo papel dos militares face às mudanças pretendidas pelos Estados Unidos Conforme comentei na época, eram no mínimo estranhos tanto esses desejos quanto a intromissão estadunidense nos assuntos internos dos países latino-americanos. Parece-me que a dissimulada intenção dos norte-americanos, melhor dizendo, da "Dominação", era, e é, retirar os ministros militares do centro de decisões políticas de seus países (Seria mais fácil dobrar um civil ? FHC que o diga !). Reportagem publicada no "Jornal de Brasília"(15/05/98) confirma a suspeita : "No Ministério da Defesa os atuais ministros militares deixarão de ser membros do governo, passando a chefiar os ‘comandos’ do Exército, Marinha e Aeronáutica ; o EMFA seria o embrião do futuro ministério (ou do Estado-Maior .... ).

Isso redundaria na mais completa despolitização dos militares, reduzidos a títeres de governos a soldo da "Dominação". Aliás, é o que profetiza o "brazilianist" Alfred Stepan: "Deve ficar bem claro que o Brasil nunca mais terá generais políticos que trarão consigo a sutileza e a experiência de um Cordeiro de Farias. Aquela geração se foi e, com a atual lei de promoção, jamais poderá ser recriada no futuro" (Terá isto alguma relação com o que comentou em seu artigo "Mudando cabeças" o "camarada" Márcio Moreira Alves: "Criar, através do ensino, um novo modelo para o militar brasileiro"? E mais adiante: "... se por acaso estiverem (os civis) tentados mais uma vez a chamar os militares dos quartéis, os generais convocados não terão a capacidade de mobilização e experiência política de outrora. Serão mais semelhantes a suas contrapartidas no resto da América Latina: generais sem rosto cuja principal pretensão ao poder é a sua recente chegada ao topo da burocracia de alguma força armada (lendo pelas entrelinhas, esta foi a mais grave lambadinha nos generais !)".

Stepan vai mais longe ainda : "As universidades latino-americanas deveriam atualizar-se quanto à composição de seus currículos, incluindo sociologia militar e estratégia militar ... Igualmente importante é a produção acadêmica dos quadros de cidadãos que são especialistas em questões militares relativas à estruturação de força, estilos organizatórios, formação doutrinária e detalhes específicos de sistemas de armamentos, já que esses conhecimentos são indispensáveis à criação da função supervisora da sociedade política, no poder legislativo em especial, sobre os militares e o sistema de informações". Pelo andar da carruagem, já não causaria tanta surpresa assim o estabelecimento de eleições tanto para a promoção de praças e de oficiais quanto para o preenchimento de cargos e funções naqueles "comandos", até como forma de dissimular a alienação política dos militares que, assim, estariam agindo democraticamente (há coisa mais democrática que eleições ?).

Não decorreria daí a crise da missão: os militares tendo de cumprir ordens absurdas, dadas por quem finge entender do assunto e que em vez de resolver problemas só faz agravá-los? Se tomarmos como exemplo a atitude do "grande irmão" do norte de bombardear instalações supostamente terroristas no Sudão e no Afeganistão, veremos a estupidez cometida pelo presidente americano e seus secretários de Estado e de Defesa: tentando castigar inimigos menores desencadeou a ira de um inimigo muito mais poderoso, o fundamentalismo islâmico. Certamente um general daria solução mais adequada para o problema, evitando o agravamento do conflito, jamais apelando para a retaliação pura e simples baseada, ao que consta, o que é mais grave, em meras suposições. É a "tarimba" que sempre faltará a quem não é do ramo ! (Já dizia Camões: A disciplina militar prestante, não se aprende, senhor, na fantasia ... !)

Reportagem de "O Estado de São Paulo" ("Poder econômico é a arma de conquista global" - 07/12/97), retrata assim o plano de defenestração dos militares dos países periféricos : " A guerra como conceito tem a ver com o uso da força militar para conseguir ou preservar riqueza, poder, influência, território, liberdade e controle. Mas há incontáveis exemplos do uso não violento de dinheiro, mercados tecnologia e política para conseguir poder, influência e controle de nações, Estados, cidades e corporações multinacionais ( a dívida externa não é um bom exemplo ?), sem que para isso seja necessário uma operação militar" (que só seria utilizada se os militares da área a conquistar reagissem com patriótica hombridade !)" ... "Os senhores da guerra geopolítica do século 21 não serão chefes de Estado nem generais, mas superintendentes de corporações multinacionais e administradores de fundos de investimentos internacionais." E dá um exemplo: "Tão astuto e poderoso é o administrador de investimentos Soros, ... , que pode sozinho derrubar o mercado acionário da Finlândia, causar queda vertical no valor da libra inglesa e forçar o governo da Malásia a desvalorizar sua moeda. Recentemente ele chegou a ser acusado de ter sido o estopim da crise financeira asiática que provocou e provoca reverberações globais. Com tanto poder financeiro, quem precisa de canhões ? ".

Não posso acreditar que uns poucos homens sejam tão ricos a ponto de poderem (ou quererem) privatizar o globo terrestre. Por mais ricos e poderosos que pareçam não devem ser mais que lugar-tenentes, testas de ferro enrustidos de um grupo que, normalmente, joga da arquibancada. Esse grupo só pode ser a "Dominação"; ele cria situações de estímulo a "ilícitos transnacionais", ao mesmo tempo em que exige dos países origem desses "ilícitos" operações conjuntas de prevenção, repressão e até ação militar contra eles. Assim, a "Dominação" tem o desplante de, julgando-se "dona do mundo", tentar convencer os Estados periféricos que para manterem as suas soberanias terão de abrir mão de uma parte delas compartilhando com ela esse quinhão.

E por acaso soberania se divide ? Caso positivo, aceitarão os membros da "Dominação" compartilhar suas soberanias com os periféricos ? O FBI tem escritórios e atua no Brasil; porventura a nossa Polícia Federal, já não digo nem atuar, possui escritórios permanentes nos EUA ? Os Estados Unidos para combater o narcotráfico oferecem aos países amazônicos planejamento, comando e tropas para operações conjuntas no território destes; aceitarão eles planejamento, comando e tropas estrangeiras para realizar esse e outros tipos de operações militares dentro do seu território ? Claro que não; e isto é válido para todo o conjunto da "Dominação". Ela sugere aos periféricos que diminuam, se não acabem, com suas Forças Armadas enquanto aumenta os efetivos e o poderio de suas próprias forças, revelando assim a sua intenção de "protegê-los" (nem a máfia faria melhor !). Os periféricos podem ter certeza de que para eles "boa coisa não é’. Portanto, canhões e generais continuam tão ou mais necessários que antigamente !

Em todos os estudos sobre a postura das nossas Forças Armadas fica patente o autêntico sentimento nacionalista e realmente democrático de pelo menos 90 % , se não mais, de seus integrantes. São homens simples, idealistas e desprendidos, integralmente devotados à Pátria, cuja única ambição é servi-la e vê-la livre, soberana, rica, poderosa e magnânima, como deveriam ser todas as nações e não apenas algumas. E é por isso que têm lutado nossas Forças desde a sua formação.

Não se pode negar, entretanto, que vivemos, desde os primórdios da nossa História, numa odiosa e humilhante situação de dependência externa, da qual não é fácil se desvencilhar. Mas o perigo que corremos hoje é ainda maior, pois a "Dominação" pretende exercer domínio absoluto sobre os países periféricos. Especialmente o Brasil, que, por suas condições, ela deseja transformar "num protetorado, ou colônia, ou quintal, ou no 58o estado". Aliás, em recente entrevista a "Isto É", analisando a crise que se abate sobre as nações emergentes, o deputado Delfim Neto afirmou que "a opção do Brasil hoje é por ser colônia". Constatação triste mas absolutamente real.

Contudo, para que se cumpra esse fadário sinistro é necessário anular o último e mais potente dos obstáculos antepostos a ele : as Forças Armadas. Assim, para se submeter a Nação brasileira a um selvagem despotismo externo, ou mesmo interno mas a serviço daquele, é preciso destruir as Forças Armadas, retirando-lhes a identidade, desvirtuando-lhes as atribuições constitucionais, redefinido-lhes papéis e missões, sucateando-lhes o material, desmoralizando-lhes os valores e virtudes militares, aviltando-lhes os integrantes, escarnecendo-lhes os heróis, menosprezando-lhes os feitos de guerra, renegando-lhes as realizações de paz, anulando-lhes qualquer capacidade de reação, semeando entre elas, e dentro delas, a rivalidade, a discórdia, a desunião.

É isto que, sistematicamente, desde os primórdios da Pátria brasileira, a "Dominação" vem tentando fazer contra nossas Forças Armadas, utilizando com maestria seus dois tentáculos maiores: o comunismo internacionalista e o neoliberalismo unimundista (Haverá alguma diferença de finalidade entre eles ?). Aí a razão principal de, nesta guerra (esta, sim, a verdadeira guerra de libertação nacional !), os vencedores estarem acuados enquanto os perdedores estão no governo e no poder. Graças ao quinta-colunismo dos "intelectuais da modernidade tupiniquim", dos "caçadores imorais de votos fáceis" e dos "proxenetas vermelhos de inocentes úteis e inúteis". Enfim, de todos os malditos traidores e vendilhões da Pátria, de uma forma ou de outra a serviço da "Dominação" ! Se assim não fosse não estaria eu aqui, "clamando num quase deserto"!

 

Após a instauração da "nova república", o Brasil tem caminhado em sentido contrário ao das nações que aspiram a ser potências econômicas

(*) O Articulista é professor e Coronel da reserva do Exército

R. João Brásio,265 / CEP 13092-510 / tel - (0xx19) 3252-8348- Fax (0xx19) 3294-5996 Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

Autorizo a publicação e/ou divulgação desta sem ônus para ambas as partes

Última atualização em Sáb, 27 de Agosto de 2011 08:38

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