Expansão das idéias liberais na Europa.

Ricardo Bergamini

Liberalismo versus absolutismo.

Em oposição ao absolutismo, haviam surgido as idéias liberais – ou liberalismo. Nascidas na Inglaterra, desenvolvidas e propagadas na França (filósofos iluministas), adotadas na Declaração da Independência norte-americana, as idéias liberais – sob o tema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” – triunfaram definitivamente com a Revolução Francesa.

Elas foram expressas na Declaração dos Direitos do Homem e se baseiam na liberdade dos homens, na ausência de privilégios sociais ou de nascimento, e na soberania dos povos. A Revolução e o Império napoleônico difundiram estas idéias por toda a Europa.

Vencido Napoleão e submetida à França revolucionária, os Bourdons voltaram ao trono (restauração). Começou, então, em toda a Europa continental, a reação dos absolutistas (monarcas e partidos), numa vã tentativa de restabelecer o antigo regime e retornar ao passado.

Liberalismo versus nacionalismo.

O movimento liberal associou-se ao nacionalismo. Os liberais reclamavam as liberdades fundamentais e uma constituição (uns eram monarquistas; outros, republicanos).

Os movimentos nacionalistas reivindicavam a autodeterminação dos povos, isto é, a independência nacional, em países como a Bélgica, Polônia, Itália, Hungria, Boêmia (tchecos), Grécia – submetidos ao jugo estrangeiro.

Reação absolutista. A Santa Aliança.

Após a queda de Napoleão, reuniu-se o Congresso de Viena (1814-1815), que reformou o mapa político da Europa e deu origem à Santa Aliança (dirigida pela Áustria, Rússia e Prússia) e à Quádrupla Aliança (com a inclusão da Inglaterra), instrumento político para a conservação do status quo europeu e para reprimir as aspirações liberais e nacionais dos povos. Em 1818 foi admitida a França, o que deu origem à Quíntupla Aliança ou Pentarquia. A alma deste sistema intervencionista e reacionário foi o chanceler austríaco, Metternich.

Severamente perseguidos, os liberais e os nacionalistas organizaram-se em sociedades secretas (maçons, carbonários). No longo conflito entre os liberais-nacionalistas e os absolutistas, houve um primeiro período que durou um terço de século (1814-1848). Seus episódios mais importantes foram:

- A restauração, na França (1814-1830).

- As revoluções liberais de 1830 e 1848 que serão obordadas nos próximos artigos.

A restauração

1- Luís XVIII (1814-1824).

Dominam, primeiramente, os ultra-realistas, que estabelecem o “terror branco”. Em 1816, Luís XVIII inicia uma fase política relativamente moderada, de espírito liberal. Porém o assassinato do duque de Bery (1820) desencadeia uma nova onda de reação.

2- Carlos X (1824-1830).

O novo rei, absolutista extremado, toma diversas medidas reacionárias, que fazem crescer a indignação do povo e a oposição dos partidos. A reação do governo culmina com as quatro ordenanças de 25 de julho de 1830:

- Supressão da liberdade de imprensa,

- Modificação da lei eleitoral (em favor dos mais ricos),

- Dissolução da Câmara recém-eleita.

- Convocação de novas eleições.

Tratava-se de um verdadeiro golpe de estado. O povo de Paris respondeu com as “três gloriosas jornadas” (“Les Trois Glorieuses”) da Revolução de 1830; 27; 28 e 29 de julho.

 

O autor é Professor de Economia

 

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