As Ciências e as Técnicas na 1 metade do século XIX

Sex, 26 de Agosto de 2011
Seção:
Categoria: História da Civilização

Ricardo Bergamini

Após a Revolução Intelectual dos séculos XVII e XVIII vem a Revolução Industrial dos séculos XIX e XX, possibilitada e desenvolvida, em grande parte, pelos vastos progressos da ciência e da técnica.

O extraordinário desenvolvimento das ciências na 1 metade do século XIX – época do Romantismo – é, justamente, uma das características da Idade Contemporânea.

Causas

Aplicação rigorosa do método de observação e experimentação; criação do Sistema Métrico Decimal; criação de bibliotecas, observatórios, e institutos científicos especializados; a invenção de aparelhos, como a câmara fotográfica e o espectroscópio; aperfeiçoamento de certos aparelhos, como o microscópio e o telescópio; desenvolvimento da especialização (concentração de estudos e pesquisas num setor reduzido); aumento do número de investigadores: conseqüência do aumento de escolas superiores, do nível de educação das massas e do interesse geral pela cultura e pelas ciências terrenas e humanas; proteção e estímulo concedidos às investigações científicas (pelo Estado e por particulares); organização de expedições científicas; divulgação dos progressos científicos em todas as camadas sociais (jornais, revistas, folhetos, conferências); contato e colaboração entre os investigadores de todo o mundo (congressos, correspondências, etc).

Realizações das Ciências

Até o século XIX, os cientistas tinham-se dedicado, mais especialmente, à matemática, à física e à astronomia.

Predominam, agora, a física (sobretudo a eletricidade) e a química. Mas os progressos se efetuam em todos os setores. Os campos científicos se alargam nas mais diversas direções.

A ciência caminha agora à frente (hipóteses, teorias, pesquisas, experimentos, verificações matemáticas), seguida pela prática. Teorias, pesquisas, descobrimentos e invenções dão lugar a novas teorias e novas realizações, num progresso incessante. “O conhecimento científico da eletricidade, diz Dampier, levou ao telégrafo elétrico; as experiências de Faraday sobre o eletromagnetismo conduziram ao dínamo e à grande indústria da engenharia elétrica; e as equações eletromagnéticas de Maxwell, após experiência de 50 anos, deram origem à telefonia sem fio, à transmissão pelo rádio e ao radar. Eis aí apenas alguns exemplos tomados num departamento da ciência; poderiam eles ser multiplicados quase infinitamente. O século XIX foi o início da era científica”.

A Revolução Francesa teve a glória de criar o sistema métrico decimal, acabando com a geral confusão de padrões de medidas. A Assembléia Constituinte incumbiu da tarefa a Academia das Ciências. Esta, por sua vez, designou os sábios Berthollet, Lagrange, Laplace, Delambre, Borda e Prony. A comissão resolveu que a unidade de comprimento do novo sistema seria baseada nas dimensões da Terra.

De 1792 a 1799, os astrônomos e matemáticos Méchain e Delambre medem (em toesas) um arco meridiano (de Dunquerque a Barcelona), a fim de calcular a extensão total do meridiano. A quadragésima milionésima parte dessa extensão (um décimo milionésimo de um quarto de meridiano) foi denominada “metro” e tornou-se como unidade de comprimento e como base das outras medidas.

Medições posteriores e mais precisas verificaram que houve pequeno erro. O “metro” não é exatamente a décima milionésima parte do quarto de meridiano (do Equador ao Pólo). É 0,2 mm menor.

 

 

O autor é Professor de Economia