A história falsa

Sáb, 27 de Agosto de 2011
Seção:
Categoria: 1964

*Themístocles de Castro e Silva


Já está circulando o fascículo XIV de ''Sociedade e História do Brasil'', editado pelo Instituto Teotônio Vilela e do qual é (ou era?) presidente o senador Lúcio Alcântara, do PSDB do Ceará. O Instituto funciona no Senado Federal, Anexo I, 17º andar - sala 1706. Trata-se, como informa seu ''Expediente'', de Órgão de Estudo e Pesquisa do PSDB. O número anterior abordava ''A ditadura militar'' - tempo de medo e dor, da qual, como mostrei e todo o Ceará sabe, os maiores beneficiários foram o próprio presidente do Instituto, Lúcio Alcântara, que foi deputado, prefeito e vice-governador, e seu pai, Waldemar, boníssima figura, que foi vice de Adauto, depois seu sucessor, senador e diretor do Banco do Nordeste. Tudo na ''ditadura''. E sem medo e sem dor...

O fascículo é um desfile de mentiras sobre o 31 de Março e de ofensas às Forças Armadas. O número que saiu agora (XIV) conserva a mesma linha, com uma novidade: não tem mais o nome de Lúcio Alcântara como presidente do tal Instituto. A deputada Yeda Crusius ficou em seu lugar. O assunto abordado é ''Da abertura democrática à Nova República''.

O que se estranha é que saia do Senado Federal uma publicação falseando fatos históricos e tentando jogar a opinião pública contra as Forças Armadas, que são, queiram ou não os revanchistas de plantão, a instituição de mais alto padrão moral da República.

Todo mundo sabe que o projeto de anistia do presidente Figueiredo foi mais abrangente de que o do próprio PMDB, que não queria anistiar nem Carlos Prestes, nem Miguel Arrais, nem Brizola, pois entendia que, quando voltassem, seriam campeões de voto, em prejuízo dos liderados de Ulisses Guimarães. Figueiredo bateu o pé, com aquela frase de que ''lugar de brasileiro é no Brasil'', e anistiou a trinca. Foi um grande erro. Se anistia é perdão, vamos examinar cada caso, para saber quem de fato se arrependeu.

O fascículo, ignorando os fatos, diz que ''teve papel fundamental na conquista da anistia'' um tal ''Movimento Feminino pela anistia'', que não influiu em coisa nenhuma na decisão do governo.

Se não querem falar a verdade, pelo menos sejam mais discretos na mentira.


* O autor é Jornalista do Jornal O Povo do Ceará e Advogado.