Depoimentos sobre o movimento cívico - militar de 31 de março de 1964

Sáb, 27 de Agosto de 2011
Seção:
Categoria: 1964

Está página foi aberta para depoimentos de todos os participantes do movimento cívico-militar de 31 de março de 1964, com o objetivo do resgate da verdade histórica. Participem!!!!!!!!

"POVO QUE NÃO RESPEITA SEU PASSADO E SUA HISTÓRIA NÃO É DIGNO DE FUTURO"

Depoimento do Coronel do Exército da reserva José Batista Pinheiro



Nos idos de 61/62/63 muita gente das FFAA já conspirava contra os poderes constituídos, pró Moscou, do então Presidente João Goulart.

À proporção que o Sr Goulart foi ganhando força, após ganhar plebiscito a favor do presidencialismo, a conspiração nos quartéis foi tomando corpo, inclusive, nos altos escalões hierárquicos. Haviam generais a favor do Sr Goulart e outros contra. Pela minha ótica, os verdadeiros artesões da revolução de 64 foram os líderes civis Carlos Lacerda, Magalhães Pinto e mais de longe o Sr Ademar de Barros que eram governadores do Rio, Minas e S. Paulo. Ferrenhos adversários de João Goulart, esses 3 governadores punham lenha no fogueira que já crepitava.

Os chefes militares da época já tinham seus planos, mas como todo militar, eram disciplinados, discretos e comedidos. Queriam derrubar o Presidente mas tinham seus escrúpulos hierárquicos e aguardavam o momento que eles julgavam oportuno (igualzinho como pensamos hoje em relação ao FHC).

Quem acendeu o estopim foi o Sr Magalhães Pinto em Minas, já em estreita ligação com o Cmt da 4ª RM Gen Mourão Filho e o Cmt da ID/4 em Belo Horizonte Gen Carlos Luiz Guedes. Um confronto direto entre a Vila Militar do Rio de Janeiro pró Goulart e a guarnição de Juiz de Fora pró Magalhães Pinto já se pronunciava. Era David (MG) contra Golias (RJ) e ainda tinha Carlos Lacerda sitiado no Palácio Guanabara pelos tanques de guerra de uma Cia de Carros de Combate que, ao invés de prender o Lacerda aderiu a este.

Neste clima beligerante as tropas partiram do Rio com destino a Minas para o confronto armado. As tropas do Gen Muricy que, a convite de Mourão, assumira o comando do modesto exército mineiro, não se acorvadaram, desceram a serra em direção ao Rio para "quebrar o pau". Por muito pouco não houve um grande derramamento de sangue entre irmãos. Nas imediações do Km 90 da rodovia Rio-Petropolis houve um diálogo entre as duas partes que culminou com a adesão das tropas do Rio às tropas mineiras e ambas desceram a serra confraternizadas e já comemorando a queda do Sr Joulart que, sabedor dos acontecimentos, já voara para o exílio no Uruguai

As medidas complementares para a consolidação do movimento revolucionário ficou a cargo da Gen. Castello Branco que era o chefe do Estado-Maior do Exército no Palácio D. de Caxias, na praça da República RJ.

Resumidamente, essa é a minha versão contada pelo meu amigo Cel Américo, capitão na época, que comandava uma Cia de Infantaria do Regimento Sampaio um dos protagonistas do evento.

Saudações Revolucionárias

José Batista Pinheiro