A Revolução Nacionalista

Década de 1960. O mundo se debatia entre as duas tendências político econômicas que dominavam todos os cantos da terra. O do Capitalismo Internacional liderado pelos Estados Unidos e o do Comunismo, também internacional, patrocinado pela União Soviética.

As posições entre essas duas estruturas que pretendiam dominar o planeta chegavam ao seu ponto máximo de tensão. A tremenda propaganda internacional levava todas as pessoas, de todos os países, a se sentirem obrigadas a tomar um dos caminhos, em nome dos quais se oferecia toda a sorte de vantagens e felicidades: o do capitalismo e o do comunismo.

As forças do capitalismo e do comunismo internacional avançavam o quanto podiam em termos de controle dos países sob sua influência. Nas Américas, domínio até então inviolável dos americanos, num golpe de ousadia, dentro de um movimento tido no primeiro momento como romântico e de pouca expressão, os russos fincaram suas botas através da revolução cubana, nas costas americanas.

Como reação quase que imediata, como acostumado a fazer em outras ocasiões, os EEUU, como que num passe de mágica, ou mesmo de um maestro bom condutor de sua orquestra, usando variados e ardilosos pretextos estimularam a derrubada dos governos legalmente constituídos e, de norte a sul, a América Latina foi alvo da implantação de regimes militares fortes.

No Brasil, dia 31 de Marco de 1964, num crescendo de entrechoques ideológicos, empurradas por um povo massificado pela mídia, desde aquela época nas mãos do capitalismo internacional, as FFAA brasileiras foram sensibilizadas por apelos em termos de disciplina e soberania nacional. Tomaram posição, em nome da lei e da ordem e derrubaram um governo que caminhava rumo ao comunismo, coqueluche da época, especialmente popular entre jovens da classe média alta, filhos de funcionários públicos civis, militares e estudantes profissionais, onde imperavam os chamados "filhinhos de papais", impregnados de sonhos de posarem como guerrilheiros famosos da expressão de Stalin, Mao Tse Tung, Fidel Castro, Che Guevara e outros.

Porém não avaliaram bem, os EEUU e capitalismo internacional, que as FFAA brasileiras tivessem um invulgar espírito nacionalista e que fossem capazes de se sobrepor aos interesses em jogo, da esquerda e da direita e buscassem traçar um rumo independente para os interesses verde amarelos.

Também, nem mesmo o capitalismo internacional tinha percebido que os entrechoques de interesses nacionalistas das várias nações subjugadas, e o fracasso da economia comunista, estivesse a ponto de implodir a experiência do socialismo soviético, o que se consumou com uma rapidez estonteante e sem a necessidade de se desencadear guerra alguma.

Com o fim do império soviético, o capitalismo viu-se à volta com uma força perigosamente presente em quase todos os países. O nacionalismo crescente do chamado terceiro mundo.

Na América Latina essa força já havia causado muitos aborrecimentos ao capitalismo internacional. A Revolução Brasileira havia estimulado a criação de uma forma original de organismos estatais e, através dela, permitiu ao País dar um enorme e "preocupante" salto. O Brasil de 1964, na época estruturalmente subdesenvolvido e posicionado entre as economias mais atrasadas do mundo, em 1980 já pontilhava entre uma das 10 maiores economias mundiais. A Telebrás, a Eletrobrás, a Nuclebrás, a Vale do Rio Doce, a moderna Petrobrás, a Avibrás e centenas de outras empresas estatais e privadas estavam afogando os interesses econômicos internacionais. No campo militar o Brasil tinha tido não só a audácia de romper, pela primeira vez na história, com o acordo militar Brasil EEUU e pior ainda, passou a produzir e exportar armas e outros equipamentos bélicos de altíssimo padrão de qualidade, competindo com os interesses americanos, ingleses e israelenses.

Também a Argentina tinha ficado fora do controle americano e, num ato inimaginável, desafiava o capitalismo inglês, tentando assumir o controle do estratégico conjunto de ilhas conhecidas como Malvinas.

Era a hora do capitalismo internacional reativar novamente a sua batuta e mudar as coisas na América Latina. Não havia mais o risco do império soviético.

Como num passe de mágica, de repente a opinião pública voltou a ser trabalhada. Agora contra as "ditaduras militares" e a favor de uma palavra mágica: democracia.

No interesse do capitalismo internacional, os oportunistas de sempre foram convidados e aceitaram saltar da extrema esquerda marxista para a extrema direita neoliberal, com a missão de comandar uma gigantesca campanha contra os militares e, graças a uma mídia regiamente paga, deturpar totalmente a história, fatos e a verdade da Revolução Brasileira de 1964. Basicamente ficaram encarregados de colocar sob uma lente de aumento o pequeno aspecto policial e repressivo da ação contra a extrema esquerda e desconhecer o colossal salto econômico dado pelo Brasil entre 1964 e 1980. Na realidade o nacionalismo do Regime Militar havia frustrado tanto os interesses internacionais da esquerda quanto da direita e estava pagando pela sua audácia com o ódio desmedido da nova estrutura criada em nome do Diálogo Interamericano, ponto de apoio para a nefasta política neoliberal que dividiu o mundo atual entre ricos e pobres.

31 de março de 2002. Fora as manifestações de civis e militares brasileiros que participaram ativamente daquela importante data, o silêncio é geral.

Não se fala nem das "atrocidades’ dos militares brasileiros quando combateram e venceram os terroristas, financiados do exterior, na região do Araguaia nem do "humanismo" das forças americanas que foram caçar terroristas no Afeganistão.

Fidel Castro, tão acostumado a exportar guerrilheiros, possivelmente para conquistar a benevolência de se manter mais alguns dias no poder, aceita sorridentemente calado que os americanos levem possíveis guerrilheiros para serem interrogados, em Cuba.

Os eternos defensores dos chamados "Direitos Humanos" timidamente falam sobre os afegãos, tratados de forma inimaginável, até mesmo pelas então combatidas " ditaduras militares latino americanas". A mídia e todos os políticos até elogiam o combate "enérgico" ao terrorismo.

É bem possível que o silêncio deste ano seja o início do repensar dos brasileiros honestos. O momento de se recolocar a história no seu devido lugar. De se valorizar o interesse nacional e de se desmascarar os vendilhões da Pátria.

Grupo Anhanguera

"Lealdade sim. Cumplicidade nunca"

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31 de março de 2002

*Marcus Antônio Fleury é Coronel Reformado do Exército e Coordenador do Grupo Anhanguera. Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

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