A fisiocracia

Ricardo Bergamini

 

Em oposição ao mercantilismo, surge a escola liberal, baseada na liberdade de produção e de competição comercial (laissez faire, laissez passer). Os primeiros economistas desta nova corrente são os fisiocratas franceses, Quesnay e Gournay.

Quesnay (1694 -1778) - Médico da Pompadour, na corte de Luís XIV, sustentou que Deus estabelecera leis naturais e perfeitas, reguladoras da economia. Por isso, as atividades econômicas deviam ter plena liberdade. Seu lema era: “não governar nem regulamentar demais”. Considerava que a única e verdadeira fonte da riqueza era a terra. Portanto, as únicas atividades criadoras de riqueza eram a agricultura e a mineração.

Gournay (1712 -1759). – Comerciante, foi discípulo de Quesnay. Sustentou as teorias do seu mestre, mas acrescentou que, além da terra, existia outra importante fonte de riqueza: a indústria. Também apregoou um regime de liberdade para a indústria e o comércio - concepção que sintetizava na fórmula “laissez faire, laissez passer”.

O liberalismo econômico.

As idéias dos fisiocratas difundiram-se rapidamente por toda a Europa, tornaram-se populares e foram adotadas em alguns países, pelo “despotismo esclarecido”. Quesnay e Gournay tiveram muitos discípulos. Dentre eles, destaca-se o escocês Adam Smith.

Adam Smith (1723 – 1790) – Professor na Universidade de Edimburgo, superou seus mestres e lançou as bases científicas da moderna economia política. Expôs suas doutrinas na obra “Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações” (1776), denominada em geral abreviadamente, “Riqueza das Nações”:

- a única e verdadeira fonte da riqueza é o trabalho, que deve ser efetuado com absoluta liberdade;

- os metais preciosos acumulados são um índice, não representam a riqueza em si;

- a divisão do trabalho é fator essencial do progresso humano;

- o valor baseia-se na lei da oferta e da procura;

- são igualmente importantes a agricultura, a pecuária, a indústria e o comércio;

- a indústria e o comércio, assim como as competições comerciais, devem ser inteiramente livres;

A riqueza provém dos recursos naturais e da inteligência da atividade humana, que transforma esses recursos em coisas úteis. Para Adam Smith, a riqueza de um povo consiste, não nas suas reservas de ouro e prata, mas na sua produção. Povo rico é aquele que mais produz.

Estas teorias difundiram-se no continente, sobretudo na França, e encareceram a necessidade de modificações radicais na política econômica.

As doutrinas de Adam Smith exerceram influência rápida e intensa. À lúcida eloqüência do autor da “Riqueza das Nações” acrescentava-se a especial receptividade do ambiente, um terreno já preparado. A teoria do liberalismo econômico ia ao encontro dos interesses e dos anelos da indústria e do comércio, que ansiavam por destruir os restos feudais no campo econômico: monopólios comerciais e restrições no mercado do trabalho e da produção.

A burguesia – comerciantes, industriais e financistas – obteve uma doutrina justificativa para a livre competição e os lucros ilimitados nos negócios. Ao mesmo tempo nascia uma nova ciência, de magna importância: a Economia Política.

 

O autor é Professor de Economia

 

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