Depoimentos sobre o movimento cívico - militar de 31 de março de 1964

Está página foi aberta para depoimentos de todos os participantes, civis e militares, do movimento cívico-militar de 31 de março de 1964, com o objetivo do resgate da verdade histórica. Participem!!!!!!!!

"POVO QUE NÃO RESPEITA SEU PASSADO E SUA HISTÓRIA NÃO É DIGNO DE FUTURO"

Depoimento do Comandante da Marinha da reserva Wilson Chiareli.

Conforme o companheiro Cel. José Batista Ribeiro me fez recordar no seu depoimento, no qual discorreu (auxiliado pelas rememorações com o Cel. Américo) sobre as primeiras horas do 31 de março de 1964, foram os civis, em realidade, que deram a partida na Revolução de 1964:

Pela minha ótica, os verdadeiros artesões da revolução de 64 foram os líderes civis Carlos Lacerda, Magalhães Pinto e mais de longe o Sr Ademar de Barros que eram governadores do Rio, Minas e S. Paulo. Ferrenhos adversários de João Goulart, esses 3 governadores punham lenha no fogueira...

...Quem acendeu o estopim foi o Sr Magalhães Pinto em Minas, já em estreita ligação com o Cmt da 4ª RM Gen Mourão Filho e o Cmt da ID/4 em Belo Horizonte Gen Carlos Luiz Guedes. Um confronto direto entre a Vila Militar do Rio de Janeiro pró Goulart e a guarnição de Juiz de Fora pró Magalhães Pinto já se pronunciava.

Vale a pena relembrar que àquela época, Minas, Rio e São Paulo sozinhos respondiam por mais de um terço da população, e, certamente, por mais da metade da população economicamente ativa do país (o que não mais acontece hoje, no entanto). Dessa maneira, a resolução daqueles três civis de que o Movimento se desencadeasse deu enorme respaldo aos militares, os quais (aliás, nem todos) só estavam esperando por aquele aceno. Este detalhe tão importante foi que fez aquele Movimento se distinguir das quarteladas latino-americanas clássicas, onde os generalíssimos tomam todas as iniciativas.

Com base no acima exposto, passo pois a entender que - da parte dos militares que estão na ativa atualmente - o FHC garantidamente continuará bem encastelado no poder até que o passe ao Lula ou algum preposto dele, do PT.

Resta saber se o Bush, conforme no decorrer dos próximos 12 meses vá ficando claro que este pessoal que anda visitando e se abraçando com o Fidel recentemente estará liderando o Brasil a partir de 2003, se ele, Bush e seu estado-maior egresso do Department of Defense do Bush Pai (o Gen. Powel, o vice-presidente Dick Chenney (não sei se está certo o nome, etc.), não vão tomar iniciativas para tentar obstar o que estará parecendo inevitável daqui a mais algum tempo.

Como, porém, a história não se repete, e o Brasil de hoje não é o de 1964 ( por exemplo, existem milhares ou umas poucas dezenas de milhares de armas sofisticadas nas ruas, inexistentes àquela época; o Brasil de hoje tem uma população cerca de 2,5 vezes maior que a daquela época, portanto bem mais difícil de controlar; o número de jovens é pelo menos quatro vezes maior que o da época, devido à explosão demográfica dos anos 60 e 80, e muitos destes jovens se bandearão para a outra parte; etc., etc.), existe uma grande possibilidade que, desta vez, uma tentativa de se desencadear um novo movimento no molde do de 1964 resulte em conflagração sangrenta, quiçá guerra civil de conseqüências impossíveis de prever.

Gostaria de relembrar que a Guerra Civil Espanhola durou cerca de 3 anos e meio, 1936 até meados de 1939, com brutal perda de vidas: cerca de meio milhão de pessoas pereceram naquela terrível guerra, com a qual Franco pretendeu, e conseguiu (com a ajuda nazista), a preço terrível, desalojar os comunistas do governo, eleito - note bem - democraticamente para conduzir a Espanha, em 1936.

Deste modo, o conjunto de restrições, o qual terá que ser satisfeito, para se chegar a uma solução, que todos desejam que seja a melhor, para os problemas que nos afligem atualmente, é, tal conjunto, bastante diferente do de 1964. De fato, parece que os problemas parecem se avolumarem, infelizmente para o FHC, conforme os dias passam, e alguma coisa terá que ser feita: no momento, uma CPI do Congresso, a qual não dê em pizza, seria a melhor coisa.

Abraços a todos do Chiareli

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