Limpeza no calendário

(Ref. Revista VEJA, Ed. 1387)

*Aimar Baptista da Silva

 

Afirma VEJA, no artigo em epígrafe, que os Exmos. Srs. Ministros militares, não querendo constranger o presidente Cardoso, e visando "acabar com os confrontos" dentro da sociedade brasileira, revolveram, de comum acordo, suprimir do calendário de comemoração das datas nacionais, o dia 31 de Março. Minha dúvida é se ficam, os Srs. ministros militares, constrangidos quando o presidente, ou algum membro da sua equipe (a maioria, não nos esqueçamos, oriunda da Ação Popular Marxista-leninista), se refere à "ditadura militar". Será que, nesse caso, não ficam Suas Excias. constrangidos nem vêem aí uma tendência ao confronto ?

De fato, para que comemorarmos eventos como, por exemplo, a Guerra do Paraguai, que um historiador brasileiro (?) classificou de "genocídio sul-americano" praticado pelo Brasil e suas Forças Armadas; ou o Dia da Vitória contra o totalitarismo nazista, se um cineasta "patrício" ridiculariza, quando não nega, os feitos gloriosos dos nossos bravos pracinhas na Itália; ou o 7 de Setembro, conseqüência da traição de um príncipe português ao seu país (e aí vai pergunta: somos realmente independentes, ou "baixamos as calças" diante de qualquer "arreganho" internacional ?); ou mesmo o 15 de novembro, que também não passou de um "golpe militar"?

Querer negar ao 31 de Março o caráter de data nacional, que assinalou importante período de nossa História, é querer, arbitrariamente, apagar de suas páginas esse período; é querer distorcê-la ou, até mesmo, a exemplo da tese de Fukuyama, decretar-lhe o fim.

Já que a idéia é "jogar para o alto" nossa História, nossas tradições, nossos feitos e nossos heróis, por quê, então, não eliminar de vez essas e outras comemorações ? Por quê não rescrever a História do Brasil de acordo com a visão socialista dos atuais "donos do poder"?

"Melhor ainda": por quê não substituir essas comemorações por outras, mais a gosto da turma da APML; que tal o "novembro de 1917", o "março de 1922", o "novembro de 1935", o "janeiro de 1963"?

Que tal retirarmos do panteão de nossos heróis figuras como Caxias, Osório, Deodoro, Floriano, Tamandaré, Saldanha da Gama, Eduardo Gomes, Plácido de Castro, Maria Quitéria, Francisco da Veiga Cabral, João das Botas e muitos outros? E substituí-los por Prestes, Marighella, Lamarca, João Amazonas, Gregório Bezerra, Olga Benário, Frei Beto, a guerrilheira "Rosa", entre tantos outros "camaradas" ?

Que tal substituir a Bandeira Nacional pelo estandarte com a estrela vermelha, a foice e o martelo ? E o Hino Nacional, para o qual já propuseram mudar para ritmo de samba, pelo hino da "Internacional Socialista" ?

Tenho certeza de que "medidas saneadoras" como essas, acabariam de vez com esse negócio de constranger os atuais mandatários do Brasil ! Mas é bom não facilitar: quanto àqueles que pensavam estar cumprindo o seu dever para com a Pátria (perseguindo os "patriotas" que, no afã de implantar aqui um regime comunista, seqüestravam, julgavam e executavam, revolucionariamente, sugiro que sejam reabertos, contra eles, investigações, inquéritos e processos, para que, provada a sua culpa (será necessário ?), sejam postos no "olho da rua". Sem direito a nada !

Acaso estará de volta a tentativa de marginalização das Forças Armadas descrita pelo Cel Ferdinando de Carvalho no IPM 709 (1966, mas quanta atualidade, meu Deus !) :

"Nessa campanha, incentivada pela transigência e tolerância de alguns militares ambiciosos, teve extraordinária repercussão, a ponto de provocarem um sentimento geral de frustração e de incapacidade de recuperação do organismo militar, profundamente abalado e deprimido. O moral da oficialidade ressentiu-se pelos constantes atentados contra os valores e os padrões tradicionais decantados em nossa História Militar repleta de personalidades insignes e de feitos gloriosos".

Tendo em vista o citado trecho de VEJA preciso dizer algo mais ? Preciso sim: "Um país sem memória é um país em vias de extinção !".


Desperta, gigante !
31 de Março "DIA DA DIGNIDADE MILITAR"

P.S. - Não nos esqueçamos jamais : " O Brasil é nosso ! "

Lembrai-vos de 1935 ! E de 1961 ! E de 1964 ! E de 1968 ! Não nos esqueçamos de hoje ! E de amanhã !

Vamos ficar sentados esperando ?

*O Articulista é professor e Coronel da reserva do Exército

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Autorizo a publicação e/ou divulgação desta sem ônus para ambas as partes

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