Século XVII: é o grande século francês

Ricardo Bergamini

Época de classicismo (neoclassicismo), inspirado nos modelos antigos, greco-romanos – com o predomínio da razão sobre o sentimento e a paixão.

A proteção e o estímulo à cultura já tinham começado antes do reinado de Luís XIV. Richelieu fundara a Academia Francesa (1635); Mazarino criou as Academias de Pintura e Escultura; Colbert, as de Ciências e Música. Neste período do século XVII destacam-se:

O filósofo e matemático Descartes, criador da geometria analítica e de um novo racionalismo, exposto no “Discours de la Méthode”; sua doutrina filosófica baseia-se no espírito de livre exame, na evidência e na razão.

O físico, matemático e filósofo da religião, Pascal, autor de Les Provinciales (1656-1657), sátira contra as doutrinas dos jesuítas sobre a graça (a favor dos jansenistas); de Pensées (1670), meditações sobre a condição humana e esboço de uma apologia do cristianismo; e de descobrimentos, tratados e invenções sobre física e matemática.

O matemático Fermat (1601-1665), mestre singular na teoria dos números, que comparte com Pascal a glória do descobrimento do cálculo de probabilidades.

O poeta lírico Malherbe (1555-1628), precursor da escola clássica; purifica a língua francesa, recomenda a clareza e a precisão de estilo, reforma a técnica do verso.

O dramaturgo Corneille (1606-1684), autor de tragédias magistrais como Le Cid, Horace e Cinna.

Recine (1639-1699), autor de notáveis tragédias: Andromaque, Britannicus, Phèdre e Athalie.

Molière (1622-1673), cujo nome verdadeiro é Jean-Baptiste Poquelin, criador de tipos humanos imortais, em comédias satíricas: Lês Précieuses Ridicules, L’École des Femmes, Tartuffe, Le Misanthrope, Le Médecin malgré lui, Les Femmes savantes, L’avare, Le Bourgeois Gentilhomme, Le malade imaginaire.

La Fontaine (1621-1695), que escreve as deliciosas Fables (12 livros: 240 fábulas), plenas de lirismo, ironia e a moral da experiência da vida.

Boileau (1636-1711), autor de Satires (sátiras morais e burguesas) e de L’Art poétique, exposição das doutrinas clássicas: imitar a perfeição dos antigos, seguir a escola da natureza e da verdade, escrever com simplicidade e com bom senso; “lê vrai est la condition essentielle du beau”.

La Rochefoucauld (1613-1680): Maximes; moralista amargo (nos homens, a virtude é um disfarce do amor próprio; o egoísmo inspira e dirige toda a sua conduta).

O bispo Bosssuet (1627-1704): Discours sur l’Histoire universelle e as famosas Oraisons funèbres, de estilo sóbrio, mas de patética eloqüência.

La Bruyère (1645-1696), moralista: Lês Caractères, obra de sátira amarga e filosofia pessimista.

O arcebispo Fénelon (1651-1715): Telémaque, romance pedagógico.

Sévigné (1626-1696): Lettres, pinture de uma lama e, ao mesmo tempo, um documentário histórico – crônica da corte, da cidade, da província, do teatro, da literatura, da guerra, da moda: “toute la France s’y reflète comme em um miroir” (Chevaillier, Audiat, Aumeunier).

Os artistas plásticos, embora numerosos e excelentes, têm menos fama universal que os literatos. Eles se distinguem pelo bom gosto, harmonia, sobriedade e elegância. Destacam-se:

Na pintura: Poussin, o mestre da pintura clássica francesa; na escultura: Girardon, notável na estatuária decorativa e monumental; na arquitetura: Masssard, construtor do famoso Palácio de Versalhes.

Cláudio Perrault, literato, naturalista e arquiteto construiu a bela colunata do Palácio de Versalhes. Era irmão de Carlos Perrault, o autor dos célebres e encantadores Contos de fadas.

 

O autor é Professor de Economia

 

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