Pesquisa Industrial Mensal Produção Física – Brasil – Fonte IBGE - Base: Maio de 2012
- Qua, 04 de Julho de 2012
- Seção:
- Categoria: Ricardo Bergamini
Produção industrial recua 0,9% em maio
A produção industrial recuou 0,9% na passagem de abril para maio, na série livre de influências sazonais, terceiro resultado negativo consecutivo nesse tipo de comparação, acumulando nesse período perda de 2,0%. Frente a igual mês do ano anterior, o total da indústria apontou queda de 4,3% em maio de 2012, nono resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto e o mais intenso desde setembro de 2009 (-7,6%). Assim, o setor industrial acumulou perda de 3,4% nos cinco primeiros meses de 2012. A taxa anualizada, indicador acumulado nos últimos 12 meses, ao recuar 1,8% em maio de 2012, prosseguiu com a trajetória descendente iniciada em outubro de 2010 (11,8%) e assinalou a taxa negativa mais intensa desde fevereiro de 2010 (-2,6%).
Queda na indústria aconteceu em 14 dos 27 ramos investigados
A queda de 0,9% da atividade industrial na passagem de abril para maio foi explicada pelo recuo na produção de 14 dos 27 ramos investigados. Os principais impactos negativos foram observados nos setores de veículos automotores (-4,5%) e de alimentos (-3,4%), com o primeiro interrompendo três meses de taxas positivas consecutivas com crescimento de 22,7% nesse período, e o segundo acumulando perda de 7,1% em dois meses seguidos de recuo na produção. Outras contribuições negativas relevantes sobre o total da indústria vieram de material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (-10,9%), metalurgia básica (-2,4%), celulose, papel e produtos de papel (-3,0%), outros produtos químicos (-1,0%) e calçados e artigos de couro (-5,3%). Por outro lado, entre as atividades que ampliaram a produção, os desempenhos de maior importância para o resultado global foram registrados por produtos de metal (13,2%), que eliminou a perda de 6,1% acumulada em três meses de taxas negativas consecutivas, indústrias extrativas (1,5%), borracha e plástico (2,6%), máquinas e equipamentos (1,2%) e refino de petróleo e produção de álcool (0,9%).
Entre as categorias de uso, na comparação com o mês imediatamente anterior, os setores produtores de bens de consumo duráveis (-2,2%), de bens de consumo semi e não duráveis (-2,1%) e de bens de capital (-1,8%) apontaram as taxas negativas em maio de 2012. Com o resultado desse mês, o primeiro segmento intensificou o recuo de 0,6% registrado em abril último, o segundo apontou o terceiro mês consecutivo de queda na produção, acumulando nesse período perda de 4,8%, e o último eliminou parte do avanço de 9,4% acumulados no período janeiro/abril de 2012. Já o segmento de bens intermediários, ao registrar acréscimo de 0,2% em maio de 2012, foi o único resultado positivo entre as categorias de uso, após dois meses seguidos de taxas negativas que acumularam perda de 1,2%.
Média móvel trimestral recua 0,7%
Na série com ajuste sazonal, a evolução do índice de média móvel trimestral para o total da indústria mostrou queda de 0,7% no trimestre encerrado em maio frente ao nível do mês anterior, mantendo o comportamento predominantemente negativo observado desde agosto de 2011. Entre as categorias de uso, em relação ao movimento deste índice na margem, o destaque negativo ficou com a produção de bens de consumo semi e não duráveis, que assinalou recuo de 1,6%, acentuando o ritmo de queda frente ao resultado do mês anterior (-0,5%). O segmento de bens intermediários (-0,3%) também apontou resultado negativo, após registrar ligeira variação positiva de 0,2% em abril último, enquanto o setor de bens de consumo duráveis ficou estável em maio (0,0%) frente ao patamar do mês anterior, após marcar trajetória claramente descendente desde janeiro de 2012. O setor produtor de bens de capital (0,5%) mostrou a única taxa positiva nesse mês entre as categorias de uso, mas com redução na intensidade do crescimento, já que havia assinalado expansão de 3,0% em abril.
Indústria cai 4,3% na comparação com maio de 2011
Na comparação com maio de 2011, o setor industrial caiu 4,3%, com 17 das 27 atividades pesquisadas apontando taxas negativas. O ramo de veículos automotores, que recuou 16,8%, foi a maior influência negativa, pressionado pela queda na produção de aproximadamente 75% dos produtos investigados no setor, com destaque para caminhão-trator para reboques e semi-reboques, caminhões, automóveis, chassis com motor para ônibus e caminhões, motores a diesel e autopeças. Outras contribuições negativas relevantes vieram de alimentos (-6,1%), material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (-24,3%), metalurgia básica (-5,8%), fumo (-23,3%), máquinas e equipamentos (-3,9%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-9,3%), farmacêutica (-5,0%) e vestuário e acessórios (-10,6%). Entre os dez setores que registraram taxas positivas, os principais impactos foram em outros equipamentos de transportes (6,3%), edição, impressão e reprodução de gravações (4,0%), outros produtos químicos (2,1%) e indústrias extrativas (2,2%), impulsionados por aviões, no primeiro ramo, livros, no segundo, herbicidas para uso na agricultura e tintas e vernizes para construção, no terceiro, e minérios de ferro e óleos brutos de petróleo no último.
Os índices por categorias de uso, ainda no confronto com igual mês do ano anterior, confirmaram o perfil de predomínio de taxas negativas no setor industrial em maio de 2012, com bens de capital (-12,2%) e bens de consumo duráveis (-9,5%) registrando ritmo de queda superior ao do total da indústria (-4,3%), enquanto bens intermediários e bens de consumo semi e não duráveis, ambos com -2,7%, mostraram recuos menos intensos nesse tipo de comparação. O setor produtor de bens de capital, que mostrou a queda mais acentuada entre as categorias de uso no índice mensal, teve seu resultado influenciado pela queda na maior parte dos seus subsetores, com destaque para o recuo de 16,8% registrado por bens de capital para equipamentos de transporte, ainda bastante pressionado pela menor fabricação de caminhão-trator para reboques e semi-reboques, caminhões e chassis com motor para ônibus e caminhões. O desempenho negativo do segmento de bens de consumo duráveis foi influenciado em grande parte pela menor fabricação de telefones celulares (-37,1%), automóveis (-5,3%), eletrodomésticos da “linha marrom” (-0,4%), motocicletas (-16,8%) e outros eletrodomésticos – exceto “linha branca e linha marrom” (-25,5%). Nessa categoria de uso, os principais impactos positivos vieram da maior produção de eletrodomésticos da “linha branca” (8,5%) e de artigos do mobiliário (22,3%).
Os setores de bens intermediários e de bens de consumo semi e não duráveis também assinalaram queda na produção, com o primeiro apontando o terceiro resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto, e o segundo o recuo mais intenso desde setembro de 2009 (-3,9%). No primeiro segmento, a queda verificada em maio de 2012 foi sustentada pelo comportamento negativo vindo dos produtos associados às atividades de veículos automotores (-15,6%), alimentos (-12,2%), metalurgia básica (-5,8%), têxtil (-5,9%), minerais não metálicos (-1,6%), borracha e plástico (-1,9%) e produtos de metal (-1,6%), enquanto as taxas positivas foram registradas por refino de petróleo e produção de álcool (4,6%), outros produtos químicos (3,0%) e indústrias extrativas (2,2%). A redução na produção da indústria de bens de consumo semi e não duráveis foi influenciada pelos resultados negativos em todos os seus grupamentos: carburantes (-7,7%), semiduráveis (-6,2%), alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-1,4%) e outros não duráveis (-1,1%).
Índice acumulado em 2012 cai 3,4%
No índice acumulado para janeiro-maio de 2012, frente a igual período do ano anterior, o recuo foi de 3,4%, explicado principalmente pelos resultados negativos em três das quatro categorias de uso e em 15 dos 27 ramos investigados. Entre as atividades, a de veículos automotores, com queda de 18,1%, permaneceu exercendo a maior influência negativa na formação do índice geral, pressionada pela redução na produção na maioria dos produtos pesquisados no setor, com destaque para a menor fabricação de automóveis, caminhões, caminhão-trator para reboques e semi-reboques, chassis com motor para ônibus e caminhões e veículos para transporte de mercadorias. Vale citar também as contribuições negativas vindas de material eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (-16,0%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-9,4%), máquinas e equipamentos (-3,4%), metalurgia básica (-4,2%), farmacêutica (-5,0%), máquinas para escritório e equipamentos de informática (-13,1%), têxtil (-7,5%), borracha e plástico (-4,4%) e vestuário e acessórios (-12,8%). Entre as 12 atividades que registraram avanço na produção, as principais influências ficaram com os setores de outros produtos químicos (4,4%), refino de petróleo e produção de álcool (3,6%) e outros equipamentos de transporte (5,5%), impulsionados principalmente pela maior fabricação de herbicidas para uso na agricultura, no primeiro ramo, gasolina automotiva e óleo diesel e outros óleos combustíveis, no segundo, e aviões no último.
Entre as categorias de uso, o perfil dos resultados para os primeiros cinco meses de 2012 confirmou o menor dinamismo para bens de capital (-12,0%) e bens de consumo duráveis (-10,0%), pressionados pela menor produção de bens de capital para transporte (caminhões, caminhão-trator para reboques e semi-reboques, chassis com motor para caminhões e veículos para transporte de mercadorias), no primeiro grupamento, e de automóveis e telefones celulares no segundo. O setor produtor de bens intermediários (-2,0%) apontou recuo menos acentuado que o da média da indústria (-3,4%), enquanto o segmento de bens de consumo semi e não duráveis (0,0%) repetiu o patamar do mesmo período do ano anterior.
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Ricardo Bergamini