Levantamento Sistemático da Produção Agrícola – Fonte IBGE - Base: Maio de 2012

Agricula

Em maio, IBGE prevê safra de grãos 0,1% maior que a safra recorde de 2011

 

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A safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas (caroço de algodão, amendoim, arroz, feijão, mamona, milho, soja, aveia, centeio, cevada, girassol, sorgo, trigo e triticale) indica produção da ordem de 160,3 milhões de toneladas, superior em 0,1% à obtida em 2011 (160,1 milhões de toneladas) e 0,6% maior do que a estimativa de abril. É o que indica a quinta estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) em 2011.

 

A área a ser colhida em 2012, de 49,9 milhões de hectares, apresenta acréscimo de 2,5% frente à área colhida em 2011 e 0,7% menor frente ao mês anterior.

 

As três principais culturas (arroz, milho e soja), que somadas representam 91,0% da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas respondem por 84,6% da área a ser colhida. Em relação ao ano anterior, o arroz apresenta uma redução na área de 11,9%, o milho, acréscimo de 12,4% e a soja, acréscimo de 3,3%. Em relação à produção, o arroz mostra redução de 13,5%, o milho, aumento de 21,7% e a soja, redução de 12,4%.

 

Entre as grandes regiões, o volume da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas apresenta a seguinte distribuição: Região Centro-Oeste, 66,1 milhões de toneladas; Sul, 57,0 milhões de toneladas; Sudeste, 18,6 milhões de toneladas; Nordeste, 14,0 milhões de toneladas e Norte, 4,6 milhões de toneladas. Comparativamente à safra passada, são constatados incrementos nas Regiões Norte de 4,6%, Sudeste de 8,2% e Centro-Oeste de 17,8% e decréscimos nas Regiões Sul de 16,0% e Nordeste de 3,5%. O Mato Grosso lidera como maior produtor nacional de grãos, com uma participação de 23,6%, seguido pelo Paraná, com 19,5% e Rio Grande do Sul, com 12,3%, estados estes que somados representam 55,4% do total nacional.

 

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Estimativa de maio em relação à produção obtida em 2011

 

Entre os 26 produtos selecionados, 13 apresentam variação positiva na estimativa de produção em relação ao ano anterior: algodão herbáceo em caroço (4,6%), aveia em grão (10,7%), batata-inglesa 3ª safra (3,9%), café em grão – arábica (16,3%), café em grão – canephora (6,1%), cana-de-açúcar (4,2%), cebola (1,5%), cevada em grão (11,2%), feijão em grão 2ª safra (26,1%), laranja (0,1%),mandioca (1,2%), milho em grão 2ª safra (55,7%) e triticale em grão (5,6%). Com variação negativa são 13 produtos: amendoim em casca 1ª safra (4,6%), amendoim em casca 2ª safra (6,0%), arroz em casca (13,5%), batata-inglesa 1ª safra (5,9%), batata-inglesa 2ª safra (3,2%), cacau em amêndoa (2,2%), feijão em grão 1ª safra (31,9%), feijão em grão 3ª safra (5,4%), mamona em baga (57,9%), milho em grão 1ª safra (0,2%), soja em grão (12,4%), sorgo em grão (7,2%) e trigo em grão (10,9%).

 

Os próximos levantamentos da produção agrícola trarão informações sobre as culturas permanentes e darão continuidade ao acompanhamento da colheita da safra de verão, ao desenvolvimento das 2ª e 3ª safras de alguns produtos, além das culturas anuais de inverno que, por força do calendário agrícola, têm parte de suas estimativas baseadas em projeções.

Destaques na estimativa de maio em relação a abril

 

Destacam-se as variações mensais nas estimativas de produção, comparativamente ao mês de abril, de sete produtos: algodão herbáceo em caroço (+3,0%), batata-inglesa 3ª safra (+5,1%), café em grão – arábica (-0,6%), feijão em grão total (-2,1%), milho em grão 2ª safra (+4,5%), soja em grão (-1,1%) e trigo em grão (+6,0%).

 

ALGODÃO HERBÁCEO (em caroço) – A produção nacional, de 5.293.015 toneladas, representa acréscimo de 3,0% frente ao anunciado no mês anterior. Mato Grosso, que deve colher mais de 51,0% da produção de algodão do país, registra aumento na produção de 5,9%. Atribui-se boa parte desta variação a um regime de chuvas favorável à cultura na região sudeste do Estado, elevando em 1,9% a estimativa do rendimento médio. O aumento de área identificado na reavaliação deste mês foi de 3,9%, representando um acréscimo de 26.960ha em todo o Estado.

 

Em Goiás a revisão da área plantada indica uma redução de 1,7%; contudo, a produção não foi prejudicada, devido ao aumento de 1,9% no rendimento médio, motivado pelas boas condições climáticas observadas na formação das lavouras.

 

Quanto à Região Nordeste, é importante considerar os diversos pólos produtores e suas particularidades. A Bahia, que representa cerca de 30% da produção nacional, apesar do aumento de área de cultivo com a cultura (5,1% frente a 2011), espera redução no rendimento médio. Para as regiões do cerrado maranhense e piauiense, que estão em franca expansão, juntas devem produzir cerca de 2,7% do total nacional, além de aumentarem suas áreas (11,2% e 25,1%, respectivamente) também esperam um maior rendimento médio em relação a 2011. No Piauí, em particular, a previsão de aumento da produção, no último mês, é de 4,3%.

 

BATATA-INGLESA – A estimativa de produção de batata-inglesa é de 3.785.257 toneladas, 2,8% menor que a safra colhida em 2011 (3.894.750t). Esta produção é dividida em três safras, sendo que a mais importante é a primeira, cuja estimativa de produção é de 1.619.172t ou 42,8% do total. Nas segunda e terceira safras devem ser colhidas 1.255.959t e 910.126t respectivamente, correspondendo a 33,2% e 24,0% da produção nacional.

 

Os preços praticados em 2011 ficaram abaixo do ano anterior, o que refletiu na redução de 4,6% da área total plantada com a cultura em 2012, particularmente na 1ª e 2ª safras, com redução de 5,4% e 5,0%, respectivamente. Contudo, devido ao aumento nos rendimentos estimados para a 2ª (1,9%) e 3ª safras (6,2%), a queda na estimativa de produção não está acompanhando a redução da área plantada.

 

Com relação à informação anterior (3.713.977t), a estimativa de produção da batata-inglesa está aumentando 1,9%, sendo isto reflexo do aumento de 44.400 t na estimativa de produção da 3ª safra em relação à informação anterior, o que corresponde a um avanço de 5,1% nesta produção. Esta 3ª safra está sendo mais influenciada pelo aumento de 18,3% da produção de Minas Gerais em relação à última informação. Neste estado, a batata é uma cultura considerada nômade, ou seja, é cultivada por produtores especializados que frequentemente mudam as lavouras de lugar. No mês passado, ainda não havia a confirmação do plantio desta 3ª safra, sendo que neste mês, a confirmação veio com a informação de crescimento de área, principalmente no município de Perdizes e na região de Uberaba.

 

Minas Gerais é o maior produtor nacional de batata-inglesa, com 31,6% da produção total, seguido por Paraná com 19,6%, São Paulo com 17,8% e Rio Grande do Sul com 10,0%. Estes estados respondem juntos por 79,0% da produção nacional.

 

CAFÉ (em grão) – A produção nacional de café, considerando-se as duas principais espécies cultivadas (arábica e canephora), foi avaliada, neste levantamento de maio, em 3,0 milhões de toneladas, equivalendo a 50,3 milhões de sacas de 60kg. Na comparação com os valores de abril, a variação da produção é de -0,3%, influenciada pela avaliação do café arábica, que participa com 75,7% do volume da produção brasileira de café em grão.

 

Em maio, a safra de café arábica para 2012, em nível nacional, está estimada em 2.285.322t (38,1 milhões de sacas de 60kg) e apresenta decréscimo de 0,6% em relação à estimativa de abril. A área total ocupada com a cultura é de 1.764.738ha, com pequena redução em relação ao mês anterior (0,1%). A área a ser colhida, de 1.586.805ha, também apresenta queda (0,2%). O rendimento médio diminui 0,3%.

 

O período de estiagem, observado no início do ano, principalmente na Zona da Mata de Minas Gerais, não chegou a prejudicar, generalizadamente, o “enchimento” dos frutos nem as boas perspectivas para a safra, que já começou a ser colhida, embora os números de Minas tenham sofrido pequenos reajustes negativos na produção esperada (0,2%) e no rendimento previsto (0,3%), por conta do veranico. O Paraná, onde a cafeicultura já não tem a importância econômica que teve no passado, também enfrentou problemas de estiagem, com decréscimos de 11,5% na produção esperada e 5,7% no rendimento médio.

 

FEIJÃO (em grão) – A produção nacional de feijão em grão, estimada em 3.144.009 t, indica uma redução de 2,1% frente à informação de abril. Reflexo da variação negativa observada nos estados de GO (4,1%), CE (0,6%), RS (6,6%), PE (47,2%), MA (10,2%) e PI (13,4%). O decréscimo só não foi maior devido à contribuição positiva nas estimativas de produção do PR (1,4%), MG (3,7%), MT (21,1%) e RO (3,2%). Este volume de produção é distribuído em 42,3% para a 1ª safra (1.329.148t), 44,6% da 2ª safra (1.403.058t) e 13,1% da 3ª safra de feijão (411.803t).

 

A 1ª safra de feijão, que já teve a maior parte da área colhida, registra uma produção 6,7% menor que o quarto levantamento. Esta safra sofreu redução de área em quase todos os estados produtores. A Região Sul é maior produtora de feijão 1ª safra com uma produção de 505.951t, inferior 0,9% frente ao levantamento anterior, confirmando a tendência de queda na produção registrada nos levantamentos anteriores devido à estiagem. O Nordeste, que ainda não concluiu a colheita em todos os estados, prevê uma produção de 260.256t, 23,0% menor que a estimativa de abril. A área plantada foi reduzida devido ao atraso e irregularidade das chuvas.

 

Para o feijão 2ª safra, a produção esperada registra um aumento de 1,0% frente à estimativa de abril. Houve aumento de área nas regiões Sul (4,6%), Sudeste (3,2%) e Centro-Oeste (8,7%) motivados pela recuperação dos preços deste grão. A Região Nordeste reduziu a área plantada em 21,3% devido à estiagem durante o período de plantio. No Paraná, maior produtor nacional, participando com 24,7% da produção do grão, as investigações de campo indicam uma área plantada, nesta safra, de 219.958ha, que é 5,2% maior que a do mês anterior e uma produção esperada de 346.778t do produto também 2,9% superior.

 

O feijão 3ª safra experimenta um acréscimo de 4,0% na estimativa de produção em relação ao levantamento de abril, variação influenciada pelo aumento da área plantada em 5,5%. Contribuíram para essa nova avaliação positiva as informações oriundas de Minas Gerais (1,5%) e Mato Grosso (64,2%), sendo que neste último o acréscimo foi significativo de 7.803 hectares a mais do que o estimado em abril. Com o preço do feijão carioca e preto bastante atrativo, vislumbra-se um incremento na área de feijão irrigado que deve começar a ser plantada durante o mês de junho. Vários produtores relatam que, após a colheita do produto, com cerca de 90 dias de ciclo, a cultura terá nova semeadura. Isto deve ocorrer principalmente no município de Sorriso.

 

MILHO (em grão) – A produção nacional de milho em grão é de 68,5 milhões de toneladas, melhor 1,9% que a avaliação de abril. O acréscimo está diretamente ligado aos novos dados levantados para o milho 2ª safra, que neste ano ultrapassam pela primeira vez a produção estimada do milho 1ª safra, participando com 50,2% deste volume da produção. Mato Grosso influenciou significativamente a variação positiva observada em maio, com acréscimo de 967,9 mil toneladas na expectativa da produção do milho.

 

A produção nacional para a 1ª safra de milho está estimada em 34.096.897t, apresentando leve queda (0,6%), valor este influenciado principalmente pela área destinada a colheita, que reduziu 3,7% neste mês de maio. Esta redução foi ocasionada pela Região Nordeste, a qual vem enfrentando graves problemas com a seca. Nesta Região, a produção esperada é de 3.714.272t, correspondendo a 10,9% da produção nacional, com queda de 9,4%, comparada com o mês anterior, que corresponde a uma redução de 536.660t, reflexo da redução da área plantada (-5,8%) e área colhida (-14,6%). Os estados que apresentaram, este mês, redução de produção nesta Região foram o Piauí (-3,2%), Ceará (-49,9%), Rio Grande do Norte (92,4%), Paraíba (-14,3%) e Pernambuco (-75,7%). No Sudeste, Minas Gerais apresentou aumento de produção de 1,8%, rendimento de 1,4%, área plantada de 0,6% e área colhida de 0,4%, fechando maio em 7.167.290t. No Sul, responsável por 38,8% da produção nacional, o Paraná aumentou a estimativa em 1,2% a produção, 0,6% o rendimento e áreas plantada e colhida, enquanto que o Rio Grande do Sul reduziu 3,5% a produção, 2,9% o rendimento e 0,7% a área colhida. O Centro Oeste, que representa 14,8% (5.051.955t) da 1ª safra de milho brasileira, apresentou aumento de 1,5% para a produção, 1,1% para a área plantada e para a área colhida e 0,4% para o rendimento médio, referente às produções dos estados do Mato Grosso (4,3%) e Goiás (1,4%).

 

A 2ª safra de milho em grão encontra-se ainda em campo em estágios de desenvolvimento, floração, enchimento de grãos e maturação. A previsão nacional para esta safra, 34.413.912t, aumento de 4,5%, apresentou também avaliação positiva no rendimento (3,6%) e nas áreas plantada e colhida (0,8%) em relação a abril. Devido à seca que castiga a Região Nordeste, esta apresentou redução em todas as variáveis: 5,4% na previsão da produção, 3,0% no rendimento e 2,5% na área. A região Centro Oeste, maior produtora do milho na 2ª safra, com 62,1% da produção nacional, apresentou variação média positiva de 6,4% na previsão de produção, e de 5,5% no rendimento médio. Os estados responsáveis por este aumento foram o Mato Grosso e Goiás, com aumentos de produção (8,3% e 8,1%), rendimento (7,9% e 4,2%) e área (0,4% e 3,7%) respectivamente. No Sul, o Paraná, segundo maior produtor, com 29,7% da produção nacional, estimou aumento de 2,6% da produção e de 1,9% em relação à área. Houve grande investimento em tecnologia (semente, fertilizante, insumos), que reflete estes aumentos, além disso, as condições climáticas estão favoráveis, gerando boas expectativas de produção.

 

SOJA (em grão) – O quinto levantamento da safra estima a redução na produção nacional de soja em 1,1%, frente ao mês anterior. A redução comparada à safra anterior é de 12,4%. Motivada principalmente pela seca, a queda na produção foi mais intensa na Região Sul do país, onde determinou uma perda estimada em 10.561.867t. No Rio Grande do Sul, o rendimento médio variou de 2.845 para 1.445 Kg/ha, no último ano, resultando na redução de 48,4% na produção do Estado. As novas reavaliações ainda registram queda de 8,0% no rendimento médio. Na produção a redução é de 8,2%. O segundo maior produtor, o Paraná deve participar somente com 16,6% do grão do país (10.891.349t), neste ano, contra 20,6% de participação na produção de 2011. Vale ressaltar a progressão do preço da soja que já atingiu R$ 56,00/sc de 60 kg neste Estado, representando uma forma de compensação ao produtor que teve o seu volume de produção reduzido pela estiagem.

 

TRIGO (em grão) – A segunda estimativa da produção nacional de trigo para 2012, com base nos levantamentos de campo realizados no mês de maio, é de 5.075.845t, em relação ao mês de abril, apresenta variação positiva de 6,0%, devida ao acréscimo de 2,7% na área plantada ou a ser plantada e uma expectativa de acréscimo de 3,2% no rendimento médio. Estes acréscimos são creditados aos estados do Paraná e, principalmente, ao Rio Grande do Sul, onde a produção esperada está 12,6% maior que a estimada no mês anterior, devido aos reajustes de 4,7% na área prevista para a cultura e de 7,6% na expectativa de rendimento médio. Deve-se ressaltar, entretanto, que os números atuais continuam inferiores aos resultados obtidos com a cultura em 2011, significando apenas uma recuperação em relação à estimativa de abril.

 

O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) é uma pesquisa mensal de previsão e acompanhamento das safras dos principais produtos agrícolas, cujas informações são obtidas por intermédio das Comissões Municipais (COMEA) e/ou Regionais (COREA); consolidadas em nível estadual pelos Grupos de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA) e posteriormente, avaliadas, em nível nacional, pela Comissão Especial de Planejamento Controle e Avaliação das Estatísticas Agropecuárias (CEPAGRO) constituída por representantes do IBGE e do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA).

 

Em atenção a demandas dos usuários de informação de safra, os levantamentos para Cereais, Leguminosas e Oleaginosas, ora divulgados, foram realizados em estreita colaboração com a Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, órgão do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, continuando um processo de harmonização das estimativas oficiais de safra, iniciado em outubro de 2007, para as principais lavouras brasileiras.

 

Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.

 

Ricardo Bergamini
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