Imperialismo na Ásia

Ricardo Bergamini

Na Índia

Os portugueses foram os primeiros europeus a chegar à Índia: Vasco da Gama fundeou em Calicute, em 1498.

No século XVI apareceram os holandeses, franceses e ingleses. Estes últimos ficaram donos da península em 1763. Em 1773 os ingleses nomearam um governador geral em Bengala. Depois de reprimirem a violenta rebelião dos “sipaios” (1857-1859), a Companhia das Índias foi abolida e a Índia passou a ser uma colônia da coroa. Em 1876, a rainha Vitória foi proclamada imperatriz da Índia.

Em 1886, a Birmânia foi incorporada à Índia.

No Japão

Durante séculos, o Japão viveu sob um regime feudal. O imperador (micado) era dominado pelo “shogun”, chefe da aristocracia militar, o qual dominava as províncias por intermédio dos “daimios” (senhores), que tinham a seu serviço guerreiros fanáticos, os “samurais”.

Em 1542 arribaram ao Japão os primeiros navegantes portugueses, que foram muito bem acolhidos. Em 1549 chegaram os espanhóis e organizaram diversas missões católicas. Todavia, em 1597, portugueses e espanhóis começaram a ser perseguidos; alguns foram executados, outros expulsos (26 sacerdotes e leigos foram crucificados em Nagasáqui). Em 1616, ordenou-se o extermínio de todos os católicos. Em 1637 foram massacrados 37.000 japoneses católicos. Em 1640, o Japão fechou as portas aos católicos estrangeiros e isolou-se do mundo exterior - durante mais de dois séculos.

Em 1853, uma esquadra norte-americana, sob o comando do comodoro Perry, forçou a abertura dos portos japoneses ao comércio mundial. Este fato provocou uma revolução interna. Os “daimios” tomaram o partido do “micado” e venceram o “shogun” (1868). Aboliu-se o feudalismo e o país foi rapidamente europeizado, técnica, científica, econômica e militarmente.

Construíram-se estradas de ferro e navios; ergueram-se fábricas; criou-se um exército moderno de meio milhão de homens; organizou-se uma frota. Logo depois, os próprios japoneses, imitando os europeus, iniciaram uma vigorosa expansão imperialista. O começo assinalou-se por duas estrondosas vitórias:

1) Vitória contra a China, na guerra da Coréia (1894-1895): os japoneses ficaram com a ilha de Formosa. Mais tarde (1910) apossaram-se da Coréia.

2) Vitória contra a Rússia, na guerra da Manchúria (1904-1905): os russos perderam Porto Artur e a metade sul da ilha Sacalina.

Campanhas militares dos japoneses, nos tempos recentes: 1931 – Invasão da Manchúria; 1937 – Invasão da China; 1941 – Ataque aéreo (sem prévia declaração de guerra) a Pearl Harbour. Os japoneses alargam as suas conquistas: Hong Kong, Filipinas, Indochina, Malásia, Birmânia, Ilhas da Indonésia. Em 1942, os norte-americanos iniciam a longa campanha da contra-ofensiva, que vai até a derrota final dos japoneses, em 1945.

Na China

Em 1533, os portugueses estabeleceram uma feitoria em Macau. No século XVIII, os holandeses e ingleses fundaram uma base comercial em Cantão. O comércio, porém, era reduzido. Não podia ser feito diretamente com a população chinesa: devia ser realizado por intermédio de funcionários especiais chineses, que fixavam as quotas do movimento comercial e os preços das mercadorias. Uma série de guerras, porém, forçou os chineses a abrirem o país ao comércio estrangeiro. A primeira foi a “Guerra do Ópio” (1839-1841) ganha pelos ingleses. A china teve que ceder, à Inglaterra, a ilha de Hong Kong, suprimir o sistema fiscalizador de Cantão, e abrir cinco portos ao comércio inglês. Logo após, a França e os Estados Unidos obtiveram análogas concessões. Nova guerra com a Inglaterra e a França (1858-1860), obrigou a China a estabelecer relações diplomáticas com esses dois países e abrir ao comércio mais sete portos.

Em (1894-1895), os chineses são derrotados pelo Japão e perdem a Coréia e a Ilha de Formosa. As diversas potências européias apressaram-se a obter novas concessões. Tudo isso levava, aparentemente, ao desmembramento do império chinês. Todavia, em 1900, estourou a revolta nacionalista e xenófoba da sociedade secreta dos “Boxers” (“Punhos Unidos”): muitas propriedades foram destruídas, centenas de estrangeiros foram mortos (inclusive o embaixador alemão). Uma força expedicionária internacional (ingleses, franceses, alemães, russos, japoneses e americanos) subjugou o movimento em poucas semanas. Mas o levante nacionalista dos “Boxers”, assim como as rivalidades entre as diversas potências imperialistas – fez com que estas desistissem de desmembrar a China. E, muito pelo contrário, decidiram garantir-lhe a integridade.

Enquanto isso, muitos chineses convenciam-se da necessidade de ocidentalizar o país. Os imperadores eram monarcas absolutos, que governavam por intermédio dos retrógrados mandarins. Um partido democrático e nacionalista – sob a liderança do médico Sun-Iat-Sem - integrado sobretudo pela mocidade das escolas superiores, promoveu uma revolução (1912), que triunfou e proclamou a República.

 

O autor é Professor de Economia

 

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