A Reforma no resto da Europa
- Sex, 26 de Agosto de 2011
- Seção:
- Categoria: História da Civilização
Ricardo Bergamini
Na França, o luteranismo havia começado a se infiltrar, mas foi logo eliminado por Francisco I. Mais tarde (por volta de 1540), o calvinismo passou da Suíça à França. Apesar de energicamente combatido por Francisco I e, logo depois, por Henrique II, o calvinismo propagou-se, especialmente entre a burguesia. Conseguiu adeptos na nobreza e deste modo chegou a formar um partido político, apesar de os hunguenotes (1) – como eram chamados os calvinistas na França – constituírem a minoria. A rivalidade entre católicos e protestantes foi crescendo. Em 1562 irrompeu a primeira das oito longas e cruentas lutas religiosas, exacerbadas por interesse político.
Henrique IV pôs fim à guerra religiosa mediante a assinatura do Edito de Nantes (1598), que concedia aos huguenotes liberdade religiosa (permissão do culto calvinista, exceto em Paris), além de direitos políticos.
Nos Países Baixos, o calvinismo conquistou as províncias setentrionais (que formam a Holanda atual).
Na Escócia, diversos fatores propiciaram a Reforma: a iniqüidade do clero, a cobiça dos nobres pelas terras da Igreja e a regência de Maria Lorena (mãe de Maria Stuart), católica e francesa, odiada pela nobreza. Em 1557 começou uma revolta, mais tarde chefiada por um discípulo de Calvino, João Knox (1505-1572). Knox liquidou o catolicismo e fundou a Igreja Presbiteriana. O presbiterianismo infiltrou-se na Inglaterra, onde enfrentou o anglicanismo.
Na Inglaterra o ambiente era propício às doutrinas protestantes, pois perdurava a lembrança do movimento de Wiclif. Mas a Reforma inglesa foi, principalmente, obra dos monarcas: Henrique VIII, Eduardo VI e Isabel.
Henrique VIII, agastado com o Papa por não obter o divórcio (queria separar-se de Catarina de Aragão, a fim de casar com Ana Bolena), organizou uma igreja nacional - anglicana – independente de Roma (1533). O chefe religioso era o rei. Todavia, a nova igreja conservava, quase inteiramente, os dogmas e o ritual do catolicismo.
Eduardo VI, filho de Henrique VIII, favoreceu a Reforma. Calvinistas e luteranos espalharam-se rapidamente. A irmã e sucessora de Eduardo, Maria Tudor (1553) tentou restabelecer o catolicismo. Mas não o conseguiu.
Finalmente, subiu ao trono Isabel (1558) – filha de Henrique VIII e Ana Bolena – que organizou e impôs definitivamente a nova igreja anglicana, mistura de catolicismo (na liturgia) e de calvinismo (nos dogmas). Isabel perseguiu severamente os católicos e os verdadeiros calvinistas (puritanos).
(1) – O vocabulário francês huguenot (eiguenot, em 15550) deriva do termo alemão Eidgenossen (confederados), contaminado pelo nome próprio Hugues (os patriotas genebrinos que combatiam o duque de Sabóia eram chefiados por Hugues Besançon).
O autor é Professor de Economia