Depoimentos sobre o movimento cívico - militar de 31 de março de 1964
- Sáb, 27 de Agosto de 2011
- Seção:
- Categoria: 1964
Esta página foi aberta para depoimentos de todos os participantes, civis e militares, do movimento cívico-militar de 31 de março de 1964, com o objetivo do resgate da verdade histórica. Participem!!!!!!!!
"POVO QUE NÃO RESPEITA SEU PASSADO E SUA HISTÓRIA NÃO É DIGNO DE FUTURO"
"Qualquer semelhança com o maldito momento atual da vida brasileira, não é mera coincidência"
Depoimento do Coronel do Exército reformado Wenceslau Malta. Telefone
ANÁLISE DO MOVIMENTO DE 1964
Decorridos trinta e seis anos dos acontecimentos que motivaram a intervenção das Forças Armadas no governo do nosso país durante duas décadas, numa análise pessoal e sintética, expresso alguns de meus pensamentos e conclusões, deixando a critério de V.Sª o destino total ou parcial desta correspondência.
No meu modesto entender:
- a intervenção militar em 64 foi necessário, imperiosa e atendeu aos reclamos da sociedade;
- o movimento de 1964 neutralizou as pretensões da Direita e da Esquerda sem um tiro se quer, evitou confrontos fratricidas, e consequentemente, derramamento de sangue;
- inconteste o saldo deixado pelos governos militares, particularmente no campo econômico, onde, da posição de 58ª, passamos a ser a 8ª economia mundial;
- o longo período de permanência no Poder proporcionou desgaste para a classe militar;
- a censura em todos os meios de comunicação foi talvez o fator mais negativo daquele período e o que mais provocou reações em parcela significativa da sociedade, especialmente no meio artístico e intelectual;
- a criação do plano de integração social (PIS), do Estatuto da Terra, do Banco Nacional de Habitação (BNH), do Projeto Rondon, do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) e, principalmente, o índice zero no desemprego em âmbito nacional, produziram avanços significativos no campo social;
- a permanência demorada no Poder propiciou o desvio de conduta em parcelas das Forças Armadas, particularmente naquelas que lidavam diretamente com o terrorismo e a subversão;
- se no aspecto geral os acertos dos governos militares foram em grande número, no particular, os erros e injustiças também ocorreram;
- considerando-se os vinte e um anos em questão e a população brasileira, à época, em torno de cem milhões de habitantes, o número de mortos e desaparecidos por parte dos perdedores pode-se considerar pequeno, particularmente comparando-se, por exemplo, com Cuba;
- caracterizando uma "guerra suja" houve prisões, arbítrios e atos de tortura injustificáveis por parte dos militares, e barbarismo, assassinatos e outros atos insanos por parte dos que os combatiam;
- embora contrariando setores mais radicais do Exército, a abertura política iniciada no Governo Geisel, por vontade própria, foi consolidada com determinação pelo Presidente Figueiredo, o que evidencia que embora, com atraso, a volta à normalidade política era também pretendida pelos militares;
- a Lei da Anistia, ampla, geral e irrestrita, promulgada no último governo dos militares, objetivou, em última análise, a reconciliação e o desarmamento de espíritos. Mesmo com a promulgação da Lei da Anistia que viria promover a reconciliação, o desarmamento de espírito e o sepultamento de episódios vividos durante um período de "guerra suja" que a nação brasileira deseja esquecer, vejo, com tristeza, que esta Lei não surtiu os efeitos desejados. Pelo menos no que concerne aos perdedores daquele conflito.
Se o argumento é que os fatos dolorosos ocorridos não podem ser esquecidos porque fazem parte da história, então, neste caso, contemos a história verdadeira. A anistia não pode ser válida só para um lado.
O que se vê atualmente é o domínio da mídia por parte daqueles anistiados que, não conformados com a derrota, pois não conseguiram, à época, atingir os seus propósitos, promovem a distorção dos fatos, a vingança, a injustiça e o revanchismo. Incessantemente os jornais "martelam" nos termos, "golpe militar de 64", "entulho autoritário", "ranço da ditadura militar", "torturadores", etc. Hoje, os militares são os culpados de todos os males por que passa o país, pois tudo decorre daquele período negro da "ditadura".
As mensagens passadas ao jovens de hoje mostram os militares como algozes e torturadores. Mesmo com a Lei da Anistia, há que se buscar os responsáveis pela explosão das bombas no Rio Centro e na OAB; e quem sabe também não foram os militares responsáveis pelas mortes dos Presidentes Juscelino e João Goulart? Ou do governador Carlos Lacerda? Abrem-se inquéritos para apurar a morte de colombianos mortos na fronteira por tropa do Exército que fora atacada em nosso território por guerrilheiros da FARC (Força Armada Revolucionária Colombiana). Hoje, ninguém que supostamente tenha sido ligado à "ditadura" pode exercer cargo em qualquer nível do governo ou se filiar a partidos políticos: o Coronel Brilhante Ustra teve que ser removido da Embaixada do Brasil no Uruguai e o Coronel Avólio, da Embaixada do Brasil em Londres, pois ambos, no dizer das ONGs e dos Grupos de Direitos Humanos e Tortura Nunca Mais, foram torturadores naquela época. Da mesma forma e pelo mesmo motivo o Presidente da República teve que tornar sem efeito a nomeação do Delegado que seria o Diretor Geral da Polícia Federal. Escavações são feitas, seja no Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro, ou no Araguaia, para encontrar os ossos dos "democratas guerrilheiros" mortos pelos militares. Os responsáveis têm que aparecer.
De forma chocante e estarrecedora, há um ano atrás, a nossa Marinha de Guerra foi mostrada pela TV praticando contrabando de eletrodomésticos utilizando navios e helicópteros dessa Força. Ao final das ferozes denúncias a Receita Federal constatou que nada de irregularidade ocorrera. Também o Clube Militar, dias após, apresentado pela TV Globo como envolvido em contrabando de armas. O desmentido dessas perfídias foi colocado no jornal O Globo, em espaço de 5 cm x 3 cm, em página interna.
Recentemente o delegado Carlos Alberto Augusto "Metralha", não pôde se candidatar a vereador na cidade de Guarulhos pois, naquele período, teria sido torturador e ligado ao Delegado Fleury. Já assisti a dezenas de entrevistas na TV com famílias de desaparecidos, mortos ou torturados pela repressão. Mas jamais apareceu na televisão um parente de um morto por terroristas. E tenho certeza de que a lista é bem extensa.
Será que é desta forma que os fatos da história devem ser contados para que não mais se repita?
Mas será que é a verdade o que está sendo apresentada? E o outro lado? Por acaso os hoje tão endeusados "guerrilheiros" não praticaram assassinatos, assaltos, seqüestros e outras barbáries?
Abaixo cito alguns fatos e observações que confirmam a deturpação da história, a omissão da verdade, a não obediência à Lei da Anistia e, principalmente, a caracterização do sentimento de vingança por parte dos derrotados que, hoje, graças a essa mesma lei, ocupam altos cargos na administração do país e dominam a mídia:
- Pelo que os jornais de hoje dizem e os jovens, sem outra qualquer informação, acreditam, o Brasil em 1964 era um mar-de-rosas, mas os militares, sem motivo e contra a vontade popular, tomavam o Poder. Mas os jornais de hoje não falam que, à época, 95% da mídia eram favoráveis à intervenção militar para dar um basta ao caos político- administrativo que se instalara no país. As manchetes de O Globo falavam em "Revolução Democrática", hoje, "Golpe Militar". Os jornais de hoje não falam, por exemplo, que, à época, o Mundo estava dividido em duas partes ideologicamente antagônicas e que se defrontavam numa Guerra Fria assustadora; os movimentos revolucionários espocavam em todos Continentes; que Cuba, já comunizada, exportava sua revolução, particularmente, para a África e América Latina. Os jornais de hoje não dizem que no primeiro trimestre de 64 a baderna política era generalizada; que a hiper-inflação era galopante; que os comunistas, liderados por Luiz Carlos Prestes que retornara de Moscou, dominavam todos os sindicatos e os principais cargos do Poder Público, e através de greves políticas, diárias, paralisavam o país e demitiam e nomeavam Ministros: que a indisciplina nas Forças Armadas era incentivada e tomava corpo; que o próprio Presidente da República estimulava os movimentos reivindicatórios, particularmente a reforma agrária e as "de base", as quais, se não aprovadas pelo congresso em trinta dias, seriam feitas na "marra", como preconizavam os integrantes da CGT: os jovens de hoje não sabem por que a imprensa não diz, que a sociedade brasileira estava apavorada com o rumo dos acontecimentos; que a Igreja Católica, grandes juristas, professores universitários (entre eles, Sobral Pinto), governadores de Estados, particularmente do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, empresários e associação representativas da classe média, principalmente a CAMDE (Campanha da Mulher pela Democracia), alertavam a nação para a comunização do país, articulavam-se com os militares, manifestavam-se silenciosamente através de velas acessas nas janelas ou em marchas pelas ruas das cidades, como a executada em São Paulo no dia 19 de março, intitulada "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", que reuniu mais de um milhão de pessoas; a imprensa não diz também aos jovens de hoje que, não só imediatamente após o dia 31 de março de 64, como durante todo o período de 21 anos que se seguiu, o Governo Brasileiro foi reconhecido por todos os países do Mundo Ocidental e que, diferentemente de Cuba e de outros países sul-americanos, a ação militar coesa das Três Forças Armadas, com apoio efetivo da sociedade civil e de Governadores de Estados, foi efetivada com êxito absoluto, sem desfechar um tiro sequer e sem derramamento de sangue!
- Seguidamente o jornais "farejam" em buscar um dos responsáveis pela explosão da bomba do Rio Centro, onde as únicas vítimas foram os próprios autores do ato; mas nenhum Procurador, nenhuma ONG, nenhum grupo dos Direitos Humanos, nenhum Diretor de jornal tem interesse em encontrar o responsável ou responsáveis pela explosão da bomba em Recife, no aeroporto dos Guararapes, em 25/06/66, que ocasionou as mortes do jornalista Edson Regis de Carvalho e do Almirante Nelson Gomes Fernandes que acompanhavam o presidente Costa e Silva. Qual a intenção das bombas explodidas Rio Centro? Seriam para matar? E no Aeroporto dos Guararapes, há dúvida que eram para matar?
- Lamarca, quebrando o juramento que fez perante a Bandeira Brasileira (quando ingressou no Exército e quando foi declarado Oficial), entrou, à noite, no quartel em que servia, roubou armas e munição e desertou. Passou à clandestinidade para combater o mesmo Exército que o formou. Em 1970, o grupo de terroristas por ele comandado no Vale da Ribeira, em São Paulo, prisionou o Tenente Alberto Mendes Júnior, de 22 anos, pertencente à Força Pública de São Paulo. Após três dias, Lamarca deu ordem para matá-lo e, para que o barulho dos tiros não denunciasse a sua localização pois, as tropas regulares estavam próximas e à sua procura, determinou que a morte do Tenente fosse a coronhadas de fuzil! E assim foi feito. O corpo do policial lá ficou abandonado. Em dezembro daquele mesmo ano, Lamarca matou com um tiro o Agente Federal Hélio de Carvalho Araújo, na ação de seqüestro do Embaixador da Suíça no Brasil. Lamarca foi morto no interior da Bahia, em combate com tropa do Exército, A Céu Aberto. Com o advento da anistia, deram à viúva de Lamarca pensão integral do posto de Tenente-Coronel e mais Rid="mce_marker"50.000,00 a título de indenização. Justiça? O reconhecimento pelos feitos heróicos?
- Descobriram há um ano atrás que o General-de-Brigada, Médico Dr. Fayad, foi "torturador" na época do regime militar. Parte da imprensa, organizações, grupos, ONGS, etc, botaram "a boca no trombone" e queriam impedir, a todo custo, que ele fosse promovido e nomeado Diretor de Saúde do Exército! E o seu registro teria que ser cassado no Conselho de Medicina. Mas o Gabeira participou do seqüestro do Embaixador dos Estados Unidos no Brasil é Deputado e está tudo bem. O seqüestro sob qualquer forma não é um crime hediondo? No território norte-americano ele está proibido de entrar. Mas aqui... Quantos terroristas daquela época que participaram ativamente de assaltos, assassinatos, roubos, seqüestro, etc. protegidos pela Lei da Anistia não exercem cargo público de importância?
- Em 16/04/1971, às 09:20 horas, na esquina da Rua Barão de Capanema com a Alameda Casa Branca, no Jardim Paulista, em São Paulo, terroristas integrantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) assassinaram com rajadas de metralhadora o Sr. Henning Albert Boilsen, de 53 anos, diretor do Grupo Ultra. Era dinamarquês de nascimento, cidadão paulistano (título outorgado pela Câmara Municipal de São Paulo) e naturalizado brasileiro. Seu crime? Era anti-comunista e, no pensamento dos hoje tão enaltecidos "meninos", financiava, com seu dinheiro, a repressão. Quem assassinou o Sr. Boilsen? Alguém interessado em saber?
- Em 27/10/70, o 3º Sargento da Aeronáutica, Valder Xavier de Lima, cumprindo ordens, transportava preso em um jipe de sua corporação o militante do Partido Comunista Brasileiro Theodomiro Romeiro dos Santos (codinome, Marcos). Este, no trajeto, sacou de um revólver que trazia escondido e matou o Sargento com um tiro na nuca. O militar deixou viúva e filhos. O assassino foi posteriormente julgado e condenado à pena máxima. Estava preso quando, juntamente com outros terroristas nesta mesma situação, foi exilado para a Europa em troca da vida do Embaixador dos Estados Unidos no Brasil. Com a anistia regressou ao Brasil tendo sido recebido como herói. Hoje, vive na Bahia e exerce função pública de destaque. Ninguém questiona o seu passado. Afinal, existe a Lei da Anistia.
- Era Major do Exército da Alemanha Ocidental e, em 1968, cursava a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro. Foi assassinado próximo à sua residência na zona sul do Rio de Janeiro por militantes do MR-8. Inacreditavelmente, em 1999, com fotografia estampada no O Globo, um dos participantes do frio assassinato, entrevistado, declarou que mataram o alemão por engano! O grupo queria "Justiçar" o capitão boliviano que também cursava aquela Escola e que teria sido o responsável pela morte de Chê Guevara. Incrível! Nenhum Promotor Público, nenhum órgão da imprensa, ninguém ligado aos Direitos Humanos ou ao Grupo Tortura Nunca Mais teve qualquer reação. Tudo normal e perfeito. Afinal, existe a Lei da Anistia
- Charles Rodney Chandler era Capitão do Exército dos Estados Unidos e, em São Paulo, era aluno da USP. Em 1968, na frente da sua esposa e de seu filho de nove anos, foi assassinado por terroristas da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Seu crime? As esquerdas o acusavam de ser agente da CIA. Não seria o caso de um Juiz de Direito dos Estados Unidos pedir a abertura de inquérito para apurar quem matou aquele cidadão norte-americano em circunstâncias tão trágicas? É bom lembrar que, a pedido de um Juiz de Direito da Argentina, a Procuradoria Geral da República abrirá inquérito para saber, no contexto da Operação Condor, os responsáveis pelo desaparecimento de dois súditos daquele país.
- Chamava-se Manoel Henrique de Oliveira. Era português, casado e tinha dois filhos (15 e 2 anos). Era co-proprietário da churrascaria Varela, em São Paulo, onde foi metralhado por militantes da ALN. Pelos panfletos deixados no local soube-se a razão do brutal assassinato: Manoel teria "dedurado" quatro companheiros terroristas aos órgãos de repressão. Na verdade, assassinaram um inocente. Manoel nada teve a ver com o caso.
- A insânia daqueles terroristas era tanta que, em 15/02/72, em frente ao Hotel São Francisco, na Rua Visconde de Inhaúma, no Rio de Janeiro, militantes da VAR-Palmares, ALN e do PCBR assassinaram o marinheiro inglês David Cuthberg, 19 anos, integrante de uma flotilha de seis navios-de-guerra da Marinha Inglesa que estava em visita ao nosso país. Motivo? O marinheiro pertencia a um país imperialista solidário com o governo militar brasileiro! Alguém hoje está interessado em saber quem matou o pobre marinheiro?
- Chamava-se Octávio Moreira Júnior. Era Bacharel em Direito formado pela USP e Delegado de Polícia. Católico praticante, vivia com sua mãe, viúva, e uma irmã, em São Paulo. Andava sempre desarmado, apesar das recomendações em contrário. Aos 33 anos estava noivo no Rio de Janeiro. No domingo 25/02/73, Otavinho, como o chamavam, voltava da praia, com seu amigo, Carlos Alberto Martins. Próximo à esquina da Rua República do Peru com a Avenida Atlântica entrou num orelhão para telefonar. De um carro Opala saltaram três homens. Um deles trazia enrolada numa esteira de praia, debaixo do braço, uma carabina calibre 12 mm. O 1º tiro foi dado pelas costas; o segundo, com Otavinho já caído, no coração. O 2º homem deu-lhe dois tiros no rosto, e o 3º terrorista alguns tiros de pistola 9 mm. Teve morte imediata. Seu companheiro, Carlos Alberto, foi atingido por um tiro no braço e outro na perna, mas sobreviveu. Os assassinos entraram no Opala e fugiram pela Avenida Atlântica. Os terroristas eram da ALN, PCBR e VAR-PALMARES. Se houver alguém interessado em descobrir os assassinos do Delegado o Exército deve ter as suas identidades.
Além de alguns dos desatinos praticadas pelos "jovens idealistas" acima relatados, cito mais algumas ações armadas praticadas somente em São Paulo, e apenas no período 70/73:
assalto ao carro pagador do Banco Itaú (14/01/70);
assalto ao Banco Bradesco da Rua Guiapá (15/01/70);
assalto ao Banco União de Bancos (Jabaquara, 02/03/70);
seqüestro do Cônsul Japonês Nobuo Okuchi (11/03/70);
assalto ao Banco Bradesco da Rua Guiajá (20/03/70);
assalto ao Banco Itaú América (25/03/70);
assalto à Rádio Patrulha na Alameda Jaú (03/70);
assalto à Companhia Souza Cruz (02/05/70);
assalto ao Banco do Brasil (29/05/70);
assalto ao Supermercado Peg Pag (maio de 70);
assalto ao carro do Banco do Nacional de Minas Gerais (11/07/70);
assalto à garagem da CMTC (28/07/70);
assalto ao Supermercado Peg Pag (julho de 70);
assalto ao carro pagador Brinks (14/09/70);
assalto ao carro pagador Brinks (15/09/70);
assalto à Kombi da Ceasa (setembro de 70);
assalto ao carro pagador Brinks (novembro de 70);
assalto ao estacionamento da Água Funda (dezembro de 70);
assalto ao Banco Itaú (dezembro, 70); assalto ao Banco Mercantil (dezembro de 70);
assalto ao carro pagador do Banco Itaú (14/01/71);
assalto ao carro Itaú-América (15/01/71);
assalto e lançamento de bomba contra um estacionamento de veículos (18/01/71);
assalto ao Banco Andrade Armand (22/01/71); assalto ao supermercado Pão de Açúcar (30/01/71);
assalto ao supermercado da Rua Silva Bueno (janeiro de 71);
assalto ao supermercado Ao Barateiro (janeiro, 71);
assalto ao supermercado Pão que Açúcar (14/02/71);
assalto ao supermercado Fioruto (06/02/71);
assalto à Metalúrgica Mangels Indústria (10/02/71);
assalto à Escola Pentágono (11/02/71);
assalto à PUC/SP (15/02/71);
assalto à Tipografia na Estrada do Vergueiro (19/02/71);
assalto ao supermercado Ao Barateiro (fevereiro de 71);
assalto e queima da Rádio Patrulha nº 143, na Rua dos Aliados (19/03/71);
assalto à Delegacia Regional do Trabalho (05/03/71);
assalto ao supermercado Marita (10/03/71);
assassinato, pela ALN, do seu militante "Vicente" (23/03/71);
assalto à Joalheria Milton (29/03/71);
assalto à Joalheria Divinal (29/03/71);
atentado, como explosivos, contra o ponto do Jaquaré (30/03/71);
assalto ao supermercado Ao Barateiro (17/04/71);
assalto ao supermercado Ao Barateiro (18/04/71);
assassinatos do industrial Henning Boilesen (15/04/71);
assalto a Escola Educabrás (24/04/71);
assalto ao supermercado Morita (24/04/71);
assalto ao restaurante Hungaia (01/05/71);
assalto ao 37º Cartório do Registro Civil (06/05/71);
assalto à Kelmay (15/05/71);
seqüestro de um caminhão da Swift (15/05/71);
assalto ao supermercado Morita (22/05/71);
assalto à firma Plasti-Tek (22/05/71);
assalto contra a Rádio Patrulha nº 13 e um posto de gasolina (06/07/71);
assalto a um caminhão do Exército (20/07/71);
assalto ao Banco Itaú América (21/07/71);
assalto ao Restaurante Bierhale (julho,71);
assalto à Delegacia do Trabalho (04/08/71);
assalto ao Posto de Identificação (13/08/71);
assalto ao supermercado Morita (21/08/71);
assalto à fábrica de Perucas Dejan (23/08/71);
assalto contra à Rádio Patrulha 02 (28/08/71);
assalto à Agência do Bradesco (31/08/71);
assalto ao supermercado Morita (31/08/71);
assalto a uma viatura do Exército (13/09/71);
assalto à empresa CIMA (11/10/71);
incêndio em veículos da Folha de São Paulo (25/10/71);
incêndio de um ônibus (25/10/71);
assalto à fábrica de máquinas AMF (25/10/71);
assalto à Agência da Light (26/10/71);
atentado à bomba contra a Supergel (27/10/71);
assalto contra a Rádio Patrulha 10 (28/10/71);
assalto à Vulcan (29/10/71);
atentado à bomba contra o Edifício "A Gazeta" (29/10/71);
incêndio em um ônibus da TUSA, onde foi assassinado o cabo PM Nélson Martinez Ponce (01/11/71);
atentado contra Consulado Americano (03/11/71);
atentado a bomba contra a residência do Presidente da Sears (03/11/71);
atentado a bomba contra a residência do Diretor da Companhia Chicago Bridge (03/11/71);
assalto ao Banco Nacional de Minas Gerais (30/11/71);
seqüestro do médico Euclides Fontegno Marques (08/12/71);
assalto à Agência de Empregos (10/01/72);
assalto à Escola Paes Leme (10/01/72);
assalto à Escola Paes Leme (14/01/72);
assalto à Firma F. Monteiro (06/03/72);
assalto à Companhia de Alimentos Cacique S/A (14/04/72);
assalto à Drogamil (26/04/72);
assalto ao supermercado Morita (03/06/72);
assalto ao trem pagador do Banco Português do Brasil (06/12/72);
assalto à empresa Útil (06/01/73);
assalto à Firma Tinken do Brasil (06/02/73);
assalto ao Departamento de Material Gráfico da Politécnica da USP, na Cidade Universitária (16/02/73);
assassinato do comerciante português Manoel Henrique de Oliveira (21/02/73).
Para "avivar" a memória dos "esquecidos" cito abaixo os que morreram, somente no Rio de Janeiro, vítimas dos "democratas":
Carlos Argemiro Camargo, Sargento do Exército;
Nelson de Barros, Sargento da PM;
Cidelino Palmeiras do Nascimento, motorista de táxi;
Euclides de Paiva Cerqueira, guarda particular;
Joel Nunes, Subtenente da PM;
Elias dos Santos, Soldado do Exército;
Newton de Oliveira Nascimento, soldado da PM;
Irlando de Moura Regis, Agente Federal;
Vagner Luciano Vitoriano da Silva, guarda particular;
Altair Macedo, guarda particular;
Hélio de Carvalho Araújo, Agente Federal;
Djalma Pelucci Batista, Soldado da PM;
José Túlio Toja Martinez, Major do Exército;
Gaudênio Jaime Dolce, Guarda de Segurança;
Silvano Amâncio dos Santos, Guarda de Segurança;
Demerval Ferreira dos Santos, Guarda de Segurança;
José do Amaral Vilela, Suboficial da Reserva da Marinha;
Eduardo Timóteo Filho, Soldado da PM;
Hélio Ferreira de Moura, Guarda de Segurança;
Márcio Domingos Parizarixlo, Sargento do Exército;
Pedro Américo Mota Garcia, civil;
Otávio Gonçalves Moreira Júnior, Delegado de Polícia;
Noel de Oliveira Ramos, civil;
Luiz Carlos Augusto, civil;
Edmundo Janot, civil;
Manoel da Silva Dudua, comerciante;
José Santa Maria, Gerente do Banco de Crédito Real de Minas Gerais;
Fernando Pereira, comerciário;
Maria Alice Matos, empregada doméstica;
Adilson Sampaio, artesão;
Antonio Silva Ceres de Oliveira, civil;
Jaime Pereira da Silva, civil;
Alberto da Silva Machado, civil, proprietário da Fábrica de Móveis Vogal Ltda;
Ires do Amaral, civil;
David Cuthberg, marinheiro inglês.
Os tempos mudaram e os interesses também: agora a Revolução não passou de um golpe militar, nefasto ao País e culpado de todas as mazelas que vivemos, onde se incluem a corrupção, o desemprego, o assalto a bancos, a falta de segurança, o descalabro do sistema de saúde e a imoralidade pública. Mas, em 07/10/84, escrevia o Dr Roberto Marinho, em O Globo, em seu editorial, intitulado: "JULGAMENTO DA REVOLUÇÃO".
"Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada.
Quando a nossa redação foi invadida por tropas anti- revolucionários, mantivemo-nos firmes em nossa posição. Prosseguimos apoiando o movimento vitorioso desde os primeiros momentos de correção de rumos até o atual processo de abertura, que se deverá consolidar com a posse do novo presidente. Temos permanecido fiéis aos seus objetivos, embora conflitando em várias oportunidades com aqueles que pretenderam assumir o controle do processo revolucionário, esquecendo-se de que os acontecimentos se iniciaram, como reconheceu o Marechal Costa e Silva, "por exigência irrelutável do povo brasileiro". Sem o povo não haveria a revolução, mas apenas um "pronunciamento" ou "golpe" com o qual não estaríamos solidários.
O Globo, desde a Aliança Liberal, quando lutou contra os vícios políticos da Primeira República, vem pugnado por uma autêntica democracia e progresso econômico e social do país. Em 1964, teria de unir-se aos companheiros jornalistas de jornadas anteriores, aos "tenentes e bacharéis" que se mantinham coerentes com as tradições e os ideais de 1930, aos expedicionários da FEB que ocupavam a Chefia das Forças Armadas, aos quais sob a pressão de grandes marchas populares, mudando o curso de nossa história.
Acompanhamos esse esforço de renovação em todas as suas fases. No período de ordenação de nossa economia, que se encerrou 1977. Nos meses dramáticos de 1968 em que a identificação dos atos de terrorismo provocou a implantação do AI-5. Na expansão econômica de 1969 a 1972, quando o produto nacional bruto cresceu à taxa média anual de 10%. Assinale-se que, naquele primeiro decênio revolucionário, a inflação decrescera de 96% pada 12% ao ano, elevando-se as exportações anuais de 1 bilhão e 300 mil dólares para mais de 12 bilhões de dólares. Na era do impacto da crise mundial do petróleo desencadeada em 1973 e repetida em 1979, a que se seguiram aumentos vertiginosos nas taxas de juros, impondo-nos uma sucessão de sacrifícios para superar a nossa dependência externa de energia, a deterioração dos preços dos nossos produtos de exportação e a desorganização do sistema financeiro internacional.
Essa conjunção de fatores que violaram a administração de nossas contas externas obrigou-nos a desvalorizações cambiais de emergência que teriam fatalmente de resultar na exacerbação do processo inflacionário. Nas respostas que a sociedade e o governo brasileiro deram a esses desafios, conseguindo no segundo decênio revolucionário que agora se completa, apesar das dificuldades, reduzir de 80% para menos de 40% a dependência externa na importação de energia, elevando a produção de petróleo de 175 mil para 500 mil barris diários e a de álcool de 680 milhões para 8 bilhões de litros, e simultaneamente aumentar a fabricação industrial em 85%, expandir a área plantada para produção de alimentos com 20 milhões de hectares a mais, criar 13 milhões de novos empregos, assegurar a presença de mais 10 milhões de estudantes nos bancos escolares, ampliar a população economicamente ativa de 29 milhões para 45 milhões, elevando as exportações anuais de 12 bilhões para 22 bilhões de dólares.
Volvendo os olhos para as realizações nacionais dos últimos vinte anos, há que se reconhecer um avanço impressionante: em 1964 éramos a quadragésima nona economia mundial, com uma população de 80 milhões de pessoas e uma renda per capita de 900 dólares; somos hoje a oitava, com uma população de 130 milhões de pessoas, e uma renda média per capita de 2.500 dólares.
O Presidente Castelo Branco, em seu discurso de posse, anunciou que a revolução visava "a arrancada para o desenvolvimento econômico, pela elevação moral e política". Dessa maneira, acima do progresso material, delineava-se o objetivo supremo da preservação dos princípios éticos e do restabelecimento do estado de direito. Em 24 de junho de 1978, o presidente Geisel anunciou o fim dos atos de exceção, abrangendo o AI-5, o decreto-lei 477 e demais Atos Institucionais e com isso, restauravam- se as garantias da magistratura e o instituto do habeas-corpus. Cessava a competência do Presidente para decretar o fechamento do Congresso e a intervenção nos Estados, fora das determinações constitucionais.
Perdia o Executivo as atribuições de suspender direitos políticos, cassar mandatos, demitir funcionários e reformar militares. Extinguiam-se as atividades da CGI (Comissão Geral de Inquérito) e o confisco sumário de bens. Desapareciam da legislação o banimento, a pena de morte, a prisão perpétua e a inelegibilidade perene dos cassados. Findava-se o período discricionário, significando que os anseios de liberalização que Castelo Branco e Costa e Silva manifestaram em diversas ocasiões e que Médice vislumbrou em seu primeiro pronunciamento finalmente se concretizavam.
Enquanto vários líderes oposicionistas pretenderam considerar aquelas medidas fundamentais como "mero paliativos", o então Deputado Tancredo Neves, líder do MDB na Câmara Federal, reconheceu que a determinação governamental "foi além do esperado". Ao assumir o Governo, o Presidente Figueiredo jurou dar continuidade ao processo de redemocratização. A concessão da anistia ampla e irrestrita, as eleições diretas para governadores dos Estados, e colaboração federal com os novos governos oposicionistas na defesa dos interesses maiores da coletividade, são demonstrações de que o presidente não falou em vão. Não há memória de que haja ocorrido aqui, ou em qualquer outro país, que um regime de força consolidado há mais de dez anos se tenha utilizado do seu próprio arbítrio para se autolimitar, extinguindo os poderes de exceção, anistiando adversários, ensejando novos quadros partidários, em plena liberdade de imprensa.
É esse, indubitavelmente, o maior feito da revolução de 1964. Neste momento em que se desenvolve o processo da sucessão presidencial, exige-se coerência de todos os que têm a missão de preservar as conquistas econômicas e políticas dos últimos decênios. O caminho para o aperfeiçoamento das instituições é reto. Não admite desvios aéticos, nem afastamento do povo. Adotar outros rumos ou retroceder para atender a meras conveniências de facções ou assegurar a manutenção de privilégios seria trair a Revolução no seu ato final".